E, por fim, meu Imaculado Coração triunfará!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO!

Estava pensando em o que desejar para mim e para os meus neste novo ano que nasce, pensei em muitas coisas, mas ao final da lista olhei para o topo e percebi que o que eu  desejava era  insignificante em relação ao que realmente me preenche. Conversando com um grande amigo, ele me disse que estava pensativo porque nos últimos três meses ele acompanhou grandes reportagens nos canais pagos (Discovery e History Chanel) sobre o descobrimento dos cientistas a cerca de uma asteróde imenso que se aproxima da Terra e sua chegada está prevista para 2012, também acompanhou relatos da NASA sobre uma possível mudança brusca na Terra em meados deste mesmo ano que relatei acima. Juntando isso às professias do herege Nostradamus, dos Maias e do Profeta Daniel (prefiro acreditar nesse último) ficamos refletindo: e se realmente acontecer algo em 2012? Como estará minha alma ao chegar do outro lado?

O nascimento de um novo ano me dá uma imensa alegria e ao mesmo tempo um arrepio na espinha  ao pensar: "o que será que está por vir neste ano?".
Ontem eu acompanhei uma retrospectiva num determinado canal de TV e tamanha foi minha surpresa ao me deparar com tantas coisas dentro de apenas doze meses, a maioria foram coisas muito tristes e o que eu mais me recordei foram as trgédias causadas pela chuva, revi tudo roendo as unhas. Enqunto as imagens passavam, me perguntei: até quando meu Deus?

Fui dormir pensando: minha família está com saúde, meu marido tem um bom emprego, minhas filhas estão crescendo sob a proteção do altíssimo, meus pais estão vivos e com saúde, meus irmãos estão bem, vou ser titia de novo, o que mais eu quero? A resposta foi imediata: uma vida de oração perseverante, ser pasciente, tolerante comigo e com os outros, deixar que Deus guie a minha vida do jeito que Ele achar que é melhor pra mim, ir mais à Missa, me confessar mais (por falar nisso, andei lendo uns textos sobre confissão mal feita e descobri que por mais que se tenha tido uma vida boa aqui neste mundo, confessar-se errado nos leva diretamente ao inferno), rezar mais o terço além do que eu já rezo, interceder pelos que sofrem, pelas almas do purgatório, pelos doentes, pelos presidiários, pelas pessoas que me pedem oração, me afastar de tudo que me separa do Senhor, ter menos preguiça, me preparar mais e melhor nesta quaresma, aceitar meus sofrimentos como uma forma de crescimento espiritual...

Percebi que o que me preenche é o SENHOR JESUS, sem Ele meu coração fica vazio, minhas obras morrem, meu esforço se torna em vão! Então eu cheguei a conclusão que em 2011 eu desejo pedir perdão a Deus pelos inúmeros pecados cometidos neste ano que se vai, perdão a todas as pessoas que eu ofendi e que por acaso eu fiz chorar ao passo que eu preciso PERDOAR a todos aqueles que me ofenderam, então eu abri as celas do meu coração e deixei muitas pessoas que estavam aprisionadas lá dentro partirem. Libertei parentes, amigos, conhecidos, inimigos (muitos de longa data), até o motorista de ônibus que não parou pra mim num momento em que eu me encontrava com muita pessa pra resolver um assunto "inadiável". 

Fiz uma faxina na minha alma e percebi que quanto mais eu limpava mais coisas tinha pra limpar. O pecado nos suja e quando a gente limpa, a nossa alma fica encardida nos lembrando que o pecado deixa marcas (como as queimaduras) e que devemos nos esforçar ao máximo para não sujá-la mais, pois a mesma deve ser pura. Não desejo muito para 2011 e ao mesmo tempo desejo TUDO, que é me entregar inteiramente a Deus! Pretendo fazer a consagração total a Jesus por Maria de  São Luís Maria de Monfor este ano, esperoa que a Virgem me ajude a concretizar este desejo.

Que esse ano seja abençoado, que todos nós possamos reavaliar nossa vida e nos perguntar: quanto do meu tempo é doado ao Cristo Ressussitado? Pensem nisso!!!


FELIZ 2011

Élida

domingo, 19 de dezembro de 2010

"Assim como a corça suspira pelas águas, por ti suspira minh'alma ó Espírito Santo..."

Hoje fui participar da Missa do Crisma de mais de trinta Jovens, foi emocionante vê-los chorar de alegria... O Espírito Santo de Deus estava REALMENTE naquela Igreja, Sua presença era inconfundível. É uma grande pena que muitas pessoas não dêem mais o devido valor aos santos sacramentos, eles são sinais VIVOS da presença do próprio Deus em nossas vidas, são sinais muito sensíveis.

Eu particularmente me emocionei inúmeras vezes durante a celebração, o Bispo - D. Sérgio - é um pastor simples e comunicativo, os jovens o acolheram com um sentimento de respeito e com muita alegria. A Homilia dele foi linda, linda, linda. Os cantos foram escolhidos à dedo - coisa que me fez engasgar e encher os olhos d'água a todo instante, especialmente quando cantaram: "Assim como a corça suspira pelas águas, por ti suspira minh'alma ó Espírito Santo..." Ah, como essa música é linda!! Mas, nem tudo são flores, para tristeza e amargura de Jesus, pois Ele quer que sejamos santos e façamos tudo para agradá-lo, mas algumas pessoas estavam com umas roupas tão escandalosas que fizeram Nosso Senhor chorar.

Era visível as lindas mulheres trajadas com vestidos mínimos, com os seios pulando para fora da roupa, com blusas finas e transparentes, calças apertadas, mini-saias. Transitavam pelo corredor central e, pior ainda, subiam no altar como se pisassem numa passarela: com suas maquiagens da moda e seus cabelos escovados. Quanta tristeza sentia a Virgem Maria nessa hora, Ela que é sinônimo de pureza e modéstia...

Percebi que muitos estavam ali por um simples protocolo, mas não sabiam o verdadeiro sentido do que estava acontecendo. Um pena! Fiquei sentada na frente de um senhor idoso que estava ali para fotografar um crismando e eu me esforçava muito para não me desconcentrar com as coisas que ele fazia. Com uma cadernetinha na mão, sentou-se no altar, DE COSTAS PARA O SANTÍSSIMO e começou a ler aquele bloquinho como quem  prestava contas de outras fotografias. Tudo isso em plena homilia.

Bastava o Bispo falar o nome CRISMANDOS, que logo corria uma multidão de homens e mulheres atropelando tudo e todos só por causa de uma fotografiazinha. E Jesus? Ah, pouco importa, quem garante que Ele está aqui mesmo? Um deles (fotógrafos) cometeu a insanidade de pedir para uma criança fazer caras e bocas bem do lado da Santíssimo para ele registrar tudo num click. E eu ali, quase tendo um infarto do miocárdio. Quase não me concentro na Santa Missa, o esforço foi grande!

Ao término, a asembléia se agitou de uma tal maneira, com pessoas correndo de um lado para o outro querendo aparecer nas fotos que nem perceberam que Jesus andava de um lado pro outro procurando um cantinho para ficar. Até  os catequistas se agitaram e subiram no altar para, também, aparecerem nas fotos. Sabem, fiquei com uma tremanda raiva de FOTOS!!!

Me pus a pensar: o que será que aconteceu com o Espírito Santo que estava ali? E a Virgem Maria? Bom, imaginei que depois que foram ao coração dos poucos que os esperavam, Eles devem ter voltado ao céu e eu fui embora saudosa para casa, porém com uma enorme alegria em meu coração: pelos crismandos e por ter tido a graça de ter participado de celebração tão linda. A todos os crismando eu desejo que o Espírito de Deus os conduza pelo mundo à fora e que sejam VERDADEIROS DISCÍPULOS de Jesus, pregando seu evangelho aos quatro cantos.

""Assim como a corça suspira pelas águas, por ti suspira minh'alma ó Espírito Santo..."

Élida

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

J'accuse!! (EU ACUSO)

Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice*
Émile Zola


Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).
 
A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.
 
O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
 
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de  convivência supostamente democrática.
 
No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...
 
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”
 
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...
 
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”. 
 
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
 
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
 
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
 
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
 
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
 
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;
 
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
 
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
 
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
 
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;
 
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
 
EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e  do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
 
EU ACUSO os  “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,
 
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
 
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
 
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;
 
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
 
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
 
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.
 
A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”
 
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
 
Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. 
Professor universitário  
 
***********************************************************
* Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (Èmile Zola)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Faça o bem, não importa a quem!

Aproveitando a história do Pelágio, vou contar um caso que aconteceu verdadeiramente no interior do Maranhão com um casal que tinha uma "budega" e vendiam de tudo, (darei nomes fictícios para não prejudicar os personagens reais).

Há muitos aos atrás (mais ou menos 20), morava um casal de senhores numa casinha modesta num povoado do interior do Maranhão. Ele se chama Francisco* e ela Maria*, eles não tinham filhos. Conta-se que o sr. Francisco era um homem muito egoísta, não sabia partilhar e negava até água para quem passasse em frente a sua bodega pedindo. D. Maria por sua vez, era dócil e gentil, por muitas vezes ela tirava coisas escondidas da quitandinha e dava aos mais pobres e o que ela mais dava era leite, pois era grande o número de crianças que viviam em miséria naquela vizinhaça.

Certo dia o sr, francisco veio a falecer e D. Maria ficou sozinha tomando conta da mercearia. Bondasa como ela era, agora poderia tirar produtos e doar aos pobres sem ter que mentir ou enganar o velho e rabujento Francisco. No final de um dia de muito trabalho, D. Maria foi deitar-se cansada e não demorou muito veio-lhe um sonho muito estranho: estava ela sentada em sua mercearia quando de repente se aproxima o Sr. Francisco e diz:" Maria, sou eu, o Francisco! Vim aqui para te pedir um favor e te dar um recado: MEDE BEM MEDIDO E PESA BEM PESADO, DAI ÁGUA A QUEM TEM SEDE E COMIDA A QUEM TEM FOME e o favor para que mande rezar uma missa para mim, pois eu estou precisando muito". E foi-se embora.

D. Maria, apavorada, correu para a casa da vizinha assim que o dia amanheceu e contou-lhe todo o acontecido. Passou alguns dias impressionada e com medo de dormir sozinha, por conta desse medo esqueceu-se do pedido do falecido. Não tardou muito e ele voltou novamente e fez o mesmo pedido e assim aconteceu durante três vezes, até que D. Maria foi até o povoado vizinho e contou o fato ao padre que na mesma hora colocou o nome do infeliz nas intenções da Santa Missa.

Não se sabe se o Sr. Francisco foi para o céu, porém a D. Maria nunca mais sonhou com ele. Numa conversa com a vizinha, a viúva contou que o Sr. Francisco pesava a mercadoria sempre com um peso errado e media os tecidos sempre com uma vantagem para que ele pudesse multuplicar os seus ganhos e achava isso certo e digno. Ele tinha horror a dar água a quem passasse na porta pedindo, menos ainda um prato de comida.

Essa história me chamou atenção e eu passei alguns dias a refletir: quantos de nós vivemos no mundo fazendo uma infinidade de péssimas ações achando que estamos fazendo o certo??? Acredito que o Sr. Francisco* tenha sofrido ao saber que que passou a vida toda agindo mal e simplesmente pensava enquanto vivia: "ah, eu sou assim, esse é meu jeito. Não vou mudar, eu sou assim, e pronto"! Quantos de nós não fazemos isso todos os dias???

Façamos um propósito de observar nossas ações, pois Jesus nos admoestou em Mateus 25, 41 - 46 que seremos precipitados ao fogo do inferno se negarmos água, comida ou deixarmos de vestir os nus e dar abrigo aos estrangeiros. Espero que o Sr. Francisco tenha se salvado...

Que Deus abençoe a todos vocês!

Élida

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

É DE RASGAR AS VESTES!

Um artigo sobre este assunto, publicado no Diário de Notícias, por alguém ainda lúcido (João César das Neves) aqui.


SEJA LOUVADO O SANTÍSSIMO SACRAMENTO DA EUCARISTIA!



A campanha indecente, blasfema e ordinária estaria perfeita se ficassem por esta primeira imagem:

A campanha foi lançada na semana da luta contra a aids


Sim. Ao Olhar para o Corpo Santíssimo de Cristo presente na Sagrada Hóstia,TOMA MEDIDAS:


- Aceita e crê em Jesus, realmente presente no Santíssimo Sacramento, na Hóstia Consagrada, em Corpo, Sangue e Alma.



- No mínimo respeita-O, a Ele que sofreu e morreu para te salvar do pecado e da morte eterna.



- Ouve o que a Santa Igreja propõe, que mais não é que ter atitudes próprias do ser humano, dignificando o próprio Homem, vivendo uma sexualidade humana e não animalesca.



- Aceita e venera a Imaculada Virgem Maria e Seu Esposo Castíssimo, São José, como modelos de Castidade e de Pureza.

Contra a SIDA, bastava a primeira imagem.



Mas os cães blasfemos gostam de usar a Santa Igreja para publicitar e destilar o veneno da mentira e da sua promiscuidade. Tal como os que enaltecem este tipo de animalidades. Com tanta coisa para passar a mensagem - ainda que falsa - obviamente que teriam de atacar a Igreja e o Santíssimo Corpo de Deus.

O vídeo da campanha confronta as orientações da Igreja colocando a pergunta: “São estes realmente os que dizem que nos amam? Que não te enganem”. A ação ganhou o nome de “Bendito preservativo que tira a SIDA do mundo”.



As VERDADEIRAS soluções para o problema da SIDA estão no cumprimento daquilo que nos torna pessoas e não perfeitos animais selvagens:



- a abstinência pré-conjugal e na fidelidade matrimonial;



Não na distribuição em massa de preservativos. A Europa tem muito a aprender com o Uganda.


É moralmente ilícito propugnar uma prevenção da SIDA baseada em meios e recursos que violam o sentido autêntico da sexualidade e que são um mero paliativo para um mal estar profundo, no qual está em jogo a responsabilidade dos indivíduos e da sociedade. E a recta razão não pode admitir que a fragilidade humana, em vez de ser motivo para empenhar-se mais, se converta em pretexto para uma sessão que abra o caminho para a degradação moral”

(Papa João Paulo II, discurso à Conferência Internacional sobre a SIDA – Roma, 1989)



Nenhuma indicação ou necessidade pode transformar uma acção intrinsecamente imoral num acto moral e lícito”
(Papa Pio XII, alocução às parteiras - 29 de Outubro de 1951)



“Nenhuma razão, ainda que gravíssima, justifica que aquilo que vai intrinsecamente contra a natureza seja honesto e conforme com a mesma"
(Papa Pio XI, encíclica Casti Connubii)



“Na realidade, se é lícito por vezes tolerar um mal moral menor a fim de evitar um mal maior ou promover um grande bem, não é lícito, nem por razões gravíssimas, fazer o mal para conseguir o bem (cf. Rom. 3,14), ou seja: fazer objecto de um acto positivo de vontade o que é intrinsecamente desordenado e por isso mesmo indigno da pessoa humana, ainda que com isso se quisesse salvaguardar ou promover o bem individual, familiar ou social.”
(Papa Paulo VI, encíclica Humanae vitae, número 14)



Esta é a Doutrina da Igreja.
Esta é a dignidade do ser humano, defendida pela Igreja.



Os primatas rafeiros...bem, os rafeiros idolatram o látex e pintam cartazes blasfemos e sacrílegos como este.



Pobres, pobres pecadores!
*******************************************************


O PRECIOSO PODER DA CONFISSÃO

Conhecí uma pessoa que tinha um orgulho muito forte. Queria ser a atenção principal de todos. Onde estivesse queria ser sempre o primeiro. O orgulho lhe falava sempre mais alto.

Foi assim que lembrei desta história de "Pelágio e a confissão":

Conta-se na crônica de São Bento, dum eremita chamado Pelágio, que posto por seus pais a guardar os rebanhos, levava uma vida exemplar, de modo que todos lhe davam o nome de santo; e assim viveu por muitos anos.

Mortos seus pais, vendeu aquelas poucas coisas que ainda lhe ficavam e se fez eremita.

Uma vez, por desgraça, consentiu num pensamento de impureza. Caído no pecado, viu-se abismado numa melancolia profunda; porque o infeliz não queria confessa-lo, para não perder o conceito de santidade.

Durante esta obstinação passou um peregrino que lhe disse: Pelágio, confessa-te, porque Deus te perdoará e recobrarás a paz que perdeste; e desapareceu. Depois disso resolveu-se Pelágio a fazer penitência de seu pecado, mas sem confessar-se, imaginando que Deus lho perdoaria sem a confissão.

Entrou num mosteiro, onde foi imediatamente bem recebido por sua boa fama, e nele começou a fazer uma vida áspera, mortificando-se com jejuns e penitências. Chegou finalmente a morte, e confessou-se por derradeira vez; mas assim como por pejo deixara em vida de confessar seu pecado, assim o deixou também na morte. Recebeu o Viático, morreu e foi sepultado no mesmo conceito de santo.

Na noite seguinte, o sacristão achou o corpo de Pelágio sobre o sepulcro; enterrou-o outra vez; mas, tanto na segunda como na terceira noite, achou-o sempre insepulto, de maneira que deu aviso ao abade, o qual, indo junto com os outros monges, disse:

Pelágio, tu foste obediente em vida, obedece também depois da morte: dize-me da parte de Deus se é talvez vontade divina que se coloque teu corpo nalgum lugar reservado?

E o morto, dando um uivo espantoso, respondeu:

Ai de mim! que estou condenado para sempre por uma culpa que deixei de confessar. Olha, abade, meu corpo!

E no mesmo instante apareceu seu corpo como um ferro ardente, que lançava horríveis faíscas de fogo. Ao ponto que se puseram todos em fuga; mas Pelágio chamou ao abade, para que tirasse da boca a partícula consagrada, que ainda tinha. Feito isto, disse Pelágio que o tirassem da igreja e o lançassem para um monturo, e assim se fez.

Livro: “Caminho Reto” de Santo Antonio Maria Claret – Editora Ave Maria.

A pintura acima é de Silva Porto: "Guardando o Rebanho"
********************************************************
 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

OS MEIOS DE SALVAÇÃO PESSOAL - (1ª parte)

I. Oração

A Necessidade da Oração

Os textos a seguir foram extraídos do tratado Os Grandes Meios de Salvação e Perfeição de Sto. Afonso de Liguorio. O texto original está disponível através de Our Blessed Lady of Victory Mission, Inc., R. R. #2, Box 25, Brookings, SD 57006-9307, USA, 605-693-3983. 
 
1. As Escrituras são suficientemente claras ao indicar quão necessária é a oração para sermos salvos. “...é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo .” (Lucas 18:1). “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mateus 26:41). “Pedi e se vos dará.” (Mateus 7:7). As palavras “é necessário”, “orai” e “pedi”, de acordo com consenso geral dos teólogos, impõem o preceito, e denotam a necessidade de orar. A oração é o meio sem o qual não podemos obter o auxílio necessário para a salvação.
 
2. A razão disto é evidente. Sem a assistência da graça de Deus, não podemos fazer nada de bom: “...porque sem mim nada podeis fazer.” (João 15:5). Sto. Agostinho acentua nesta passagem, que o Nosso Senhor não disse: “Sem mim vós não podeis completar nada”, porém, “Sem mim não podeis fazer nada”, dando-nos a entender que, sem a graça, não podemos nem começar a fazer nada de bom. Mais ainda, S. Paulo escreve que, por nós mesmos, não podemos nem ter o desejo de fazer o bem. “Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus.” (2 Cor. 3:5). Se nós não podemos nem pensar em uma coisa boa, podemos muito menos desejá-la. A mesma coisa é ensinada em outras passagens da escritura: “Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos.” (Ez. 36:27). De tal maneira que S. Leão I diz: “O homem não faz boas obras, exceto aquele que Deus, pela sua graça, permite-o a fazer” e, portanto, o Concílio de Trento declara: “Se alguém afirmar que sem a inspiração prévia do Espírito Santo, e a sua assistência, o homem pode crer na esperança, amor, ou arrepender-se, como deve, a fim de obter a graça da justificação, que seja ele anátema.”(Sessão 6, cânone 3). 
 
3. Cremos que ninguém pode se aproximar da salvação, exceto pelo auxílio de Deus; que ninguém merece seu auxílio, a menos que reze. 
 
4. Destas duas premissas, por outro lado, de que não podemos fazer nada sem assistência da graça; e, que esta assistência é apenas concedida ordinariamente por Deus ao homem que reza, quem não percebe a conseqüência disso, isto é, de que a oração é absolutamente necessária a nós para a salvação?
 
5. Deus nos concede algumas coisas, no começo da fé, mesmo quando nós não oramos. Outras coisas como a perseverança, Ele só concede a quem ora.
 
6. Conseqüentemente, a maioria dos teólogos, seguindo S. Basílio, S. Crisóstomo, Clemente da Alexandria, Sto. Agostinho, e outros Padres, ensinam que a oração é necessária para adultos, não apenas por ser a obrigação de preceito, mas porque é necessária como meio de salvação. Isto quer dizer, no curso ordinário da Providência, é impossível a um Cristão ser salvo sem se recomendar a Deus, e pedir pela graça necessária para a salvação. S. Tomás ensina a mesma coisa: “Após o batismo, a oração contínua é necessária ao homem, a fim de que possa entrar no céu, pois embora pelo Batismo nossos pecados são remidos, permanece ainda a concupiscência a nos assaltar do interior, e o mundo e o mal a assaltar-nos do exterior.” A razão então que nos dá a certeza da necessidade da oração é, portanto, o que nós devemos buscar e conquistar a fim de sermos salvos. “Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras.”(2 Tim. 2:5). Porém, sem a divina assistência, não podemos resistir à força de tantos e tão poderosos inimigos: agora esta assistência só é concedida através da oração; portanto, sem a oração, não há salvação.
 
7. Somos, em uma palavra, pedintes, que não possuem nada além do que Deus nos concede como almas: “Quanto a mim, sou pobre e desvalido.”(Salmo 39:18). O Senhor, diz Sto. Agostinho, deseja e quer fazer cair sobre nós as suas graças, porém não as concederá exceto àqueles que oram; “Deus deseja conceder, porém concederá apenas a quem pede.” Isto é declarado nas palavras, “Buscai e vos será dado.”
 
8. Portanto, diz Sta. Teresa, que aquele que não busca, não recebe. Como a umidade é necessária à vida das plantas, para preveni-las de morrerem secas, assim, diz S. Crisóstomo, a oração é necessária para a nossa salvação. Ou como ele diz em outra passagem, a oração vivifica a alma, como a alma vivifica o corpo: “Como o corpo sem a alma não pode viver, assim a alma sem oração está morta e emite um odor ofensivo.” Ele usa estas palavras, porque o homem que se omite de recomendar-se a Deus, de imediato começa a ser corrompido com os pecados. A oração é também chamada alimento da alma, porque o corpo não pode ser suportado sem o alimento; nem pode a alma, diz Sto. Agostinho, se manter viva sem oração: “Como a carne é alimentada pela comida, assim o homem é suportado pelas orações,” Todas estas comparações usadas pelos santos Padres são por eles utilizadas para ensinar a absoluta necessidade da oração para a salvação de todos.

O QUE É ORAÇÃO?

· O Apóstolo escreve a Timóteo: “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens.”(1 Tim. 2:1). S. Tomás explica, que a oração é propriamente a elevação de alma a Deus. A súplica é aquela espécie de oração que rogamos por um determinado objetivo; quando a coisa procurada é indeterminada, como quando nós dizemos, “Vinde em meu auxílio, Ó Deus!” é chamada súplica. Obsecração (prece fervorosa e humilde) é uma solene adjuração, ou representação dos campos sobre os quais nós ousamos pedir um favor; como quando dizemos: “Pela Vossa Cruz e Paixão, Ó Senhor, livrai-nos!” Finalmente, a ação de graças é a retribuição pelos benefícios recebidos, onde, diz S. Tomás, nós merecemos receber favores maiores. A oração, no sentido restrito, diz o santo Doutor, significa recorrer a Deus; porém no seu significado geral, inclui todas as espécies acima enumeradas.

Condições para obter infalivelmente aquilo que se pede.
 
Listamos três condições: 
 
1.O homem deve orar para o que é necessário para a sua salvação, orar devotamente, e orar com perseverança.
 
2. Deus “deseja que todos os homens sejam salvos”(1 Tim. 2:4). É agradável a Ele quando alguém ora por aquilo que é necessário para a sua salvação ou para a salvação do próximo. Por exemplo, ele pode suplicar a Deus: “concede-me o pão que me é necessário” (Prov. 30:8), para se salvar, para se prevenir de cometer o pecado mortal, para desempenhar alguma ação salutar, ou mesmo o dom da perseverança final.
 
3. Orar devotamente significa: com humildade, confiança, atenção, e súplica em nome de Cristo.
 
I. HUMILDADE - O Senhor, de fato, não considera as orações de Seus servos, a não ser dos que são humildes. “Quando ele aceitar a oração dos desvalidos e não mais rejeitar as suas súplicas.”(Salmo 101:18). “O Senhor está perto dos contritos de coração, e salva os que têm o espírito abatido.”(Salmo 33:19). Outras Ele não considera, mas os rejeita: “...Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes.”(Tiago 4:6). Deus não ouve a oração dos orgulhosos que crêem na sua própria força; mas por esta razão, deixa-os na sua própria fraqueza; e, se continuarem neste estado desprovido do auxílio de Deus, eles certamente perecerão. É da propriedade da fé, que sem o auxílio da graça, não podemos realizar qualquer boa obra, nem mesmo ter bons pensamentos. “Sem a graça os homens não faz o bem nem no pensamento e nem nas obras” diz Sto. Agostinho. Podemos concluir com Sto. Agostinho, a grande ciência do Cristão - SABER QUE O HOMEM É NADA, E NÃO PODE FAZER NADA. Isto é a íntegra da Grande Ciência, saber que o homem é nada. Pois assim ele nunca negligenciará de se abastecer, pela oração a Deus, que com aquela força, que ele não possui em si, e que ele necessita a fim de resistir à tentação, e de fazer o bem; e assim, com a ajuda de Deus, que nunca recusa nada para o homem que ora a Ele na humildade, será capaz de fazer tudo: “A oração do humilde penetra as nuvens; ele não se consolará enquanto ela não chegar (a Deus) e não se afastará, enquanto o Altíssimo não puser nele os olhos.” (Eclesiástico 35:21).
 
II. CONFIANÇA - A instrução principal que S. Tiago nos dá, se pela oração nós queremos obter graça de Deus, é que nós oremos com confiança de estarmos sendo ouvidos, e sem hesitação: “Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação...” (Tiago 1:6). Deus se satisfaz mais com a nossa confiança na Sua misericórdia, pois então nós honramos e exaltamos aquela bondade infinita que era o Seu objetivo em nos criar para manifestá-lo ao mundo. Deus protege e salva todos aqueles que confiam Nele: “...Ele é o escudo de todos os que Nele se refugiam.”(Salmo 17:31), “...Vós que salvais dos adversários os que se acolhem à vossa direita.”(Salmo 16:7). Isaías fala daqueles que depositam a sua esperança em Deus: “mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para frente sem se fatigar.”(Is. 40:31). E quando aconteceu que tendo o homem confiado em Deus, se perdeu? “... sabei que nenhum daqueles que confiavam no Senhor foi confundido.” (Eclesiástico 2:11). Davi chama de feliz aquele que confia em Deus: “... feliz o homem que em vós confia.”(Salmo 83:13). E por quê? Porque, diz ele, aquele que confia em Deus se encontra sempre rodeado de misericórdia de Deus. “...Mas quem espera no Senhor, sua misericórdia o envolve.”(Salmo 31:10). De tal forma que ele é envolvido e guardado por Deus em todos os lados que ele será protegido de perder a sua alma.
 
III. ATENÇÃO - Nós devemos orar com atenção, i. e., com concentração e foco de toda a nossa energia psicológica na oração, no significado da oração ou no próprio Deus.
 
IV. ORE EM NOME DE CRISTO - Nosso Salvador promete-nos: “Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará.” (João 16:23) (“Em verdade, em verdade vos digo”, que segundo Sto. Agostinho, é uma espécie de juramento). O que Nosso Senhor diz corresponde a: Vão para Meu Pai em Meu Nome, através dos Meus méritos peçam o favor que vocês querem, e Eu digo a vocês que quaisquer que sejam seus desejos, Meu Pai os concederá. Ó Deus que grande consolo um pecador pode ter após a sua queda e saber com certeza que tudo que ele pede de Deus em nome de Jesus Cristo será dado a ele! Eu disse “tudo” porém eu devo ressaltar que são apenas as coisas que se referem à sua salvação eterna: pois com relação aos bens temporais, nós já mostramos que Deus, mesmo que receba o pedido, às vezes não o concede; pois Ele sabe que estes bens podem nos prejudicar a alma. Porém no que diz respeito aos bens espirituais, sua promessa de nos ouvir não é condicional, mas absoluta; e portanto Sto. Agostinho nos diz, que aquelas coisas que Deus promete de forma absoluta, nós devemos solicitar com a absoluta certeza de recebê-las: Aquelas coisas que Deus promete, procurem com certeza. E como, diz o Santo, pode Deus negar-nos sua graça do que nós para recebê-las! “Ele está mais disposto a ser munificente (generoso) de seus benefícios a vós do que vós sois desejosos de recebê-los.”
 
4. Cada um deve orar com perseverança. A graça da salvação não é uma graça simples, porém uma corrente de graças, todas pelo menos ligadas com a graça da perseverança final. Ora, para esta corrente de graças deve corresponder outra corrente de nossas orações se nós, omitindo-nos da oração, quebramos a corrente da oração, a corrente das graças se quebrará também; e como por este meio é que devemos obter a salvação, não seremos salvos. Fr. Suarez diz que qualquer um que ora para a perseverança final a obterá, infalivelmente. Porém, não é suficiente, diz S. Belarmino, pedir a graça da perseverança uma única vez, ou poucas vezes: nós devemos pedir sempre, todos os dias até a morte, se desejamos obtê-la: “Ela deve ser pedida dia a dia. Assim ela será obtida dia a dia". Aquele que pede-a um dia, obtém-na por aquele dia: porém se ele não a pede no dia seguinte, no dia seguinte ele tropeçará. O Senhor repetiu de tempos em tempos a necessidade da perseverança na oração até nós conseguirmos o que pedimos. Lembre da parábola do amigo que veio pedir pelo pão (Lucas 11:5-13), do mal juiz e da viúva importuna (Lucas 18:1-5), o episódio comovente da mulher de Caná que insistiu apesar da aparente recusa (Mateus 15:21-28), e o exemplo sublime do próprio Cristo, que freqüentemente passava as noites em oração e em Getsêmani orou em grande angústia para o seu Pai celeste (Lucas 6:12; 22:44). “Vigiai, pois, orando sem cessar, a fim de que vos torneis dignos de evitar todos estes males que devem suceder, e de aparecer com confiança diante do Filho do homem.” (Lucas 21:36). “Orai sem cessar.”(1 Tessalonicenses 5:17). Para obter perseverança nós devemos sempre recomendar-nos a Deus de manhã à noite, meditação, na Missa, na Santa Comunhão, e sempre; especialmente na hora da tentação, quando devemos continuar repetindo, “Senhor me ajudai; Senhor me assisti; mantende Vossa mão sobre mim; não me deixeis; tende piedade de mim!” Há algo mais fácil de dizer que Senhor ajudai-me, assisti-me! No Evangelho Jesus declara, “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.”(Lucas 11:9).

Continua...

O Santíssimo Nome de Jesus - História e Significado

“Deus o exaltou soberanamente e lhe conferiu o Nome que está acima de todo Nome, a fim de que ao Nome de Jesus todo joelho se dobre, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”
(Fil. 2,9-11)


O próprio Deus revelou o Nome a ser imposto ao Verbo Encarnado, para significar a sua missão de Salvador do gênero humano. É um nome grande e eterno, poderoso e terrível, vitorioso e misericordioso, o único que nos pode salvar. É melodia para o ouvido, cântico para os lábios e alegria para o coração... “Ilumina, conforta e nutre; é luz, remédio e alimento”. (São Bernardo) A devoção ao Santíssimo Nome de Jesus já arraigada na Igreja desde o seu início, foi pregada e inculcada de modo particular por São Bernardo, São Bernardino de Sena e pelos Franciscanos, os quais difundiram pequenos quadros trazendo as letras do Nome de Jesus.
No caminho para a capela na qual São Felipe orava, em Monte Spaccato, percebem-se algumas inscrições reproduzidas na pedra ao lado do atalho; círculos com as inscrições YHS. Elas foram reproduzidas pelo próprio São Bernardino, pois era sua missão proclamar o Nome de Jesus, e foi daquela forma que ele abreviou o Nome Santo, embora outros o tenham substituído pela forma mais familiar IHS. O nome “Jesus Cristo” nos foi dado em grego, e pode ser escrito em letras maiúsculas gregas deste modo:

IHCOYC XPICTOC

Por séculos, a forma padrão de abreviar este nome foi usar simplesmente a primeira e a última letras IC XC, como se encontra na maioria dos ícones orientais. São Bernardino, no começo do século 15, mudou tudo, escolhendo usar as duas primeiras letras com a última, portanto IHC e XPC. A letra grega “c” é na verdade um “s”, então era natural escrever IHS XPS, forma na qual o Nome Santo se tornou muito familiar. Mas por que São Bernardino quis inserir o “h” (que é, na verdade, um “e”)? E por que mudar o “i” em “y”, uma letra não usada em italiano nem em latim? A resposta é que estudiosos cristãos cabalísticos deram atenção ao fato de que o Nome de Jesus, em sua forma original hebraica, contém as quatro letras no Nome Impronunciável de Deus revelado no Antigo Testamento. Com o acréscimo de duas letras hebraicas extras, torna-se pronunciável o Nome Impronunciável. O Nome revelado a Moisés no Êxodo (Ex 3) é apropriadamente escrito apenas com consoantes, YHWH. De acordo com uma tradição de 3.000 anos, não é permitido tentar pronunciá-lo, e ninguém realmente saberia como fazê-lo, mesmo se pudesse ser feito.
Isso porque o Nome YHWH não é simplesmente um nome como outro qualquer, ele tem um significado, que é: nosso Deus é Aquele que É, o único Ser essencial, o “fundamento do nosso ser”. Nós apenas existimos por causa Dele. O nome inefável expressa que: Ele é e Ele Será. Revelando o Seu Nome a Moisés, Deus revelou algo absolutamente essencial sobre Ele e sobre a Sua relação com o Seu povo. Os deuses de outras nações têm nomes comuns como qualquer pessoa, Moloch ou Astarte, Diana ou Baco. Estes nomes nos dizem algo sobre as pessoas que os usam, mas não muito... São realmente nomes comuns que muitas pessoas poderiam usar, e São Paulo mesmo enumerou um Apolo e um Dionísio entre seus amigos. O Nome de Deus é diferente. Mas, o Nome se tornou um nome humano, pelo acréscimo das letras hebraicas „shin‟ e „ain‟ às quatro originais, produzindo Yehoshuwah; a forma hebraica do nome que conhecemos por JESUS. Assim o Nome Divino se torna um nome humano, o inacessível e impronunciável se torna próximo e familiar. Assim Deus se torna um de nós, e o Nome realmente é “Emmanuel – Deus conosco”.
A São José é dado o tremendo privilégio de Lhe dar o nome: “Ela dará a luz um filho e tu porás o nome de Jesus”. Assim fazendo, São José transfere para a criança a plenitude da rica herança de Israel, tornando Nosso Senhor o herdeiro de todos os nomes que lemos nas genealogias de Mateus e Lucas. O Nome é dado novamente por Pôncio Pilatos, pela forma hebraica da inscrição na Cruz, usando as quatro letras do Nome Divino como as iniciais das quatro palavras: Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus:

Yeshu HaNozri WaMelek Ha Yehudim
Y H W H 

As letras iniciais das quatro palavras que foram escritas na placa afixada na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo são as mesmas que compõem o Nome de Deus, revelado a Moisés no Êxodo. Não é de se admirar que os chefes dos sacerdotes tivessem ficado tão preocupados com tal inscrição! (Jo 19, 19-22) Pois Pilatos, de improviso, escreveu – e para todo mundo ver! – que o seu galileu crucificado é o Deus eterno, o Criador, assim como o Redentor do Mundo!

A devoção
 
São Bernardino de Sena, ao pregar, costumava segurar uma pequena prancheta de madeira na qual o monograma IHS que ele privilegiava, era circundado por doze raios de luz, e ele encorajava “cada joelho a se dobrar” perante o monograma. A devoção ao Nome Santo espalhou-se pela Europa com rapidez surpreendente. Em 1432, o Papa Eugênio IV emitiu uma Bula promovendo a devoção ao símbolo IHS escrito. A devoção popular levou à composição de um Ofício do Nome Santo, e ao estabelecimento de um dia comemorativo. Em Camaiore di Luca, na Itália, começou-se a celebrar a festa, depois de aprovada para a Ordem dos Franciscanos (1530) e sob o pontificado de Inocêncio XIII (1721), estendida a toda a Igreja.
O dia de festa variou através dos séculos, mas muitos o lembram como o domingo depois do Natal, até 1969, quando foi suprimido. O Santo Padre João Paulo II, na mais recente edição do Missal Romano, restabeleceu a Festa do Santíssimo Nome de Jesus no dia 3 de janeiro.

O Poder contido no Santo Nome de Jesus.
Cada vez que pronunciamos, amorosamente, o Nome de Jesus:

1º - damos grande glória a Deus.
2º - alcançamos grandes graças para nós mesmos.
3º - Ele, Jesus, nos livra de muitos males, doenças, dores e castigos.
4º - a Igreja nos concede Indulgência Parcial, que podemos aplicar às almas do Purgatório;
5º - Nosso Divino Salvador garante, nos Evangelhos, que tudo o que pedirmos ao Pai, em Seu Nome, receberemos.

Por isso a Igreja conclui as orações, na Santa Missa e no Ofício Divino, com o Nome de Jesus, garantia certa de alcançar o que pede. Invoquemos com amor o Nome de Jesus em todas as circunstâncias. Basta apenas repetir, com muito amor, fé e ternura: JESUS, JESUS, JESUS... Há também algumas jaculatórias (orações curtas) que aprendemos com o Santo Nome: “Jesus, creio em Vós!” , “Jesus, eu confio em vós!”
Por fim, não podemos nos esquecer da afirmativa de São Paulo: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Rm 10,13)

(Fonte: Missal Romano e sinopse feita por Jerome Bertram do livro O Nome Divino na Sagrada Escritura, do Pe. Michael Lewis, tradução de Luciene Lopes e Armando Tomzhinski apud 3º Milênio – Informativo católico, janeiro/2003.)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

VIA SACRA - A ORIGEM DA DEVOÇÃO ÀS DORES SOFRIDAS POR JESUS CRISTO NOS CAMINHOS PERCORRIDOS EM SUA PAIXÃO E MORTE.

Para sabermos sobre a origem da profunda contemplação e veneração à paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo que os católicos praticam recordando os locais por onde passou o Salvador, e que se tornaram sagrados devido ao místico sofrimento e morte ali ocorridos, é necessário que conheçamos os escritos da beata Anna Catharina Emmerich (*).

Possuidora de muitos carismas, além de ter também recebido os estigmas de Cristo, esta alma abençoada viu, em transe, a vida, paixão e glorificação de Jesus e registrou tudo que lhe foi mostrado com riqueza de detalhes. Dessa forma, chega até nós nos dias de hoje um magnífico registro das etapas vividas por Jesus, que serve para nossa mais completa compreensão, crescimento de fé, piedade e amor.

A Via Sacra (via=caminho; sacra=sagrado) é o nome atribuído à atividade contemplativa que se desenvolve ao percorrer espaços contendo cruzes e/ou quadros representativos que têm por finalidade remeter-nos mentalmente aos acontecimentos vividos por Jesus nos caminhos percorridos durante sua paixão e morte. Esta prática devocional, iniciada pela Virgem Maria, para que possa ser realizada, requer quatorze cruzes postas em série (com alguma imagem ou inscrição, se possível) e devidamente bentas. O cristão deve percorrer essas cruzes, meditando a Paixão e a Morte do Senhor (pode utilizar algum livro de meditação). Caso o exercício da Via Sacra se faça na igreja, com grande afluência de fiéis, de modo a impossibilitar a locomoção de todos, basta que o dirigente do sagrado exercício se locomova de estação a estação. A mãe de Jesus, conforme veremos logo abaixo, foi a primeira criatura que, mobilizada pelo imenso amor por seu Filho, quis reviver em cada local por onde Ele passou suas dores e sofrimentos. Percorrendo várias vezes o caminho que Jesus seguiu desde a casa de Pilatos até o lugar do Santo Sepulcro, começaram a juntar-se a Maria alguns dos primeiros cristãos. Dessa forma iniciou-se a referida devoção.
 
ORIGEM DA VIA SACRA
(Extraído do Livro: Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus)
“...
Durante toda a acusação perante Pilatos, a Mãe de Jesus, Madalena e João ficaram no meio do povo, num canto das arcadas do Fórum, ouvindo com profunda dor a gritaria raivosa dos acusadores. Quando Jesus foi conduzido a Herodes, João voltou com a Santíssima Virgem e Madalena por todo o caminho da Paixão. Foram até a casa de Caifás e a de Anás, atravessando Ofel, até chegarem a Getsémani, no monte das Oliveiras e em todos os lugares onde ele caíra ou onde lhes tinham causado um sofrimento, paravam e em silêncio choravam e sofriam com ele. Muitas vezes a Santíssima Virgem se prostrava no chão, beijando a terra onde Jesus caíra, Madalena torcia as mãos e João, chorando, consolava-as, levantava-as e continuava com elas o caminho. Foi esse o começo da Via Sacra e da contemplação e veneração da Paixão de Jesus, antes mesmo que estivesse terminada. Foi nessa ocasião que começou, na mais santa flor da humanidade, na Santíssima Virgem Mãe de Deus e do Filho do homem, a devoção da Igreja às dores do Redentor. Já naquele momento, quando Jesus ainda trilhava o caminho doloroso da Paixão, a Mãe cheia de graça venerava e regava com lágrimas as pegadas de seu Filho e Deus. Oh, que compaixão! Com que violência lhe entrou a espada no coração, ferindo-o sem cessar! Ela, cujo bem-aventurado seio trouxera, que concebera, acariciara e nutrira o Verbo, que era desde o princípio com Deus e era mesmo Deus. Ela, que em si lhe tivera e sentira a vida, antes que os homens, seus irmãos, lhe recebessem a bênção, a doutrina e a salvação, ela participava de todos os sofrimentos de Jesus, inclusive a sua sede da salvação dos homens, pela dolorosa Paixão e Morte.

Assim a Virgem puríssima e imaculada inaugurou para a Igreja a Via Sacra, para juntar em todos esses lugares os infinitos merecimentos de Jesus Cristo, como se juntam pedras preciosas ou colhê-los como se colhem flores à beira do caminho e oferecê-los ao Pai Celeste, por aqueles que crêem. Tudo que tinha havido e haverá de santo na humanidade, todos que têm almejado a salvação, todos que já uma vez celebraram compadecidos o amor e os sofrimentos do Senhor, fizeram esse caminho com Maria, choraram, rezaram e sacrificaram no coração da Mãe de Jesus, que também é terna Mãe de todos os seus irmãos, os fiéis da Igreja. Madalena estava como que desvairada pela dor. Tinha um imenso e santo amor a Jesus, mas quando queria verter a alma aos pés do Salvador, como lhe vertera o óleo de nardo sobre a cabeça, abria-se um horrível abismo entre ela e o Bem-Amado. O arrependimento dos pecados, como a gratidão pelo perdão, lhe eram sem limites e quando o seu amor queria fazer subir a ação de graças aos pés do Divino Mestre, como uma nuvem de incenso, eis que o via maltratado e conduzido à morte, por causa dos pecados dela, que Ele tomara sobre si. Então se lhe horrorizava a alma, diante de tão grande culpa, pela qual Jesus tinha de sofrer tão horrivelmente; precipitava-se-lhe no abismo do arrependimento, que não podia nem exaurir, nem encher; e de novo se elevava, cheia de amor e saudade, para seu Mestre e Senhor e via-o sofrendo indizíveis crueldades. Assim tinha a alma cruelmente lacerada, vacilava entre o amor e o arrependimento, entre a sua gratidão e a dolorosa contemplação da ingratidão do povo para com o Redentor; todos esses sentimentos se lhe manifestavam no rosto, nas palavras e nos movimentos. João sofria em seu amor; conduzia a Mãe de seu Santo Mestre e Deus, que também o amava e sofria por ele; conduzia-a, pela primeira vez, nas pegadas da Via Sacra da Igreja e lia-lhe na alma o futuro.”
 
Extraímos, aqui, parte do texto que aborda o momento em que Jesus é condenado à morte...

“Quando, porém, acrescentou ainda que achava essa sentença justa, - ele (Pilatos), que por várias horas continuara a declarar Jesus inocente - quase não pude conter-me mais à vista desse homem infame e mentiroso. Ele disse ainda: “Por isso condeno Jesus Nazareno, rei dos judeus, a ser pregado na cruz.” Depois deu ordem aos algozes que fossem buscar a cruz. Também me lembro, mas não tenho plena certeza, que ele quebrou uma vara comprida, cuja metade era visível e lançou os pedaços aos pés de Jesus. A essas palavras, a Mãe de Jesus caiu por terra sem sentidos e como morta; agora então estava decidido: era certa a morte de seu santíssimo e amantíssimo Filho e Salvador, morte horrível, dolorosa, ignominiosa. As companheiras e João levaram-na para fora da multidão, para que aqueles homens cegos de coração não pecassem, insultando a dolorosa Mãe do Salvador; mas Maria não podia deixar de seguir o caminho da Paixão de Jesus. As companheiras viram-se obrigadas a levá-la outra vez de lugar em lugar, pois o culto misterioso de unir-se-lhe nos sofrimentos impelia a Santíssima Mãe a oferecer o sacrifício de suas lágrimas em todos os lugares onde o Redentor, seu Filho, sofrera pelos pecados dos homens, seus irmãos. E assim, a Mãe do Senhor consagrou com as lágrimas todos esses santos lugares e tomou posse deles para a futura veneração pela Igreja, Mãe de todos nós, como Jacó erigiu uma pedra e, ungindo-a com óleo, consagrou-a em memória da promissão que ali recebera.

Maria e as amigas vão ao Calvário.

Depois do doloroso encontro da Santíssima Virgem com o Divino Filho carregando a cruz, quando Maria caiu sem sentidos sobre a pedra angular, Joana Chusam, Suzana e Salomé de Jerusalém, com auxílio de João e do sobrinho de José de Arimatéia, conduziram-na para dentro da casa impelidos pelos soldados e o portão foi fechado, separando-a do Filho bem-amado, carregado do peso da cruz e cruelmente maltratado. O amor e o ardente desejo de estar com o Filho, de sofrer tudo com Ele e de não o abandonar até o fim davam-lhe uma força sobrenatural. As companheiras foram com ela à casa de Lázaro, na proximidade da porta Angular, onde estavam reunidas as outras santas mulheres, com Madalena e Marta, chorando e lamentando-se; com elas estavam também algumas crianças. De lá saíram em número de 17, seguindo o caminho doloroso de Jesus. Vi-as todas, sérias e decididas; não se importavam com os insultos da gentalha, mas impunham respeito pela sua tristeza. Passaram pelo Fórum, a cabeça coberta pelos véus. No ponto onde Jesus tomara ao ombro a cruz, beijaram a terra. Depois seguiram todo o caminho da Paixão de Jesus, venerando todos os lugares onde ele mais sofrera. Maria e as que eram mais inspiradas procuravam seguir as pegadas de Jesus e a SantíSsima Virgem, sentindo e vendo-lhes tudo na alma, guiava-as, onde deviam parar e quando deviam prosseguir nessa Via Sacra. Todos esses lugares se lhe imprimiram vivamente na alma; ela contava até os passos e mostrava às companheiras os santos lugares. Desse modo, a primeira e mais tocante devoção da Igreja foi escrita no coração amoroso de Maria, Mãe de Deus; escrita pela espada profetizada por Simeão. Os santos lábios da Virgem transmitiram-na aos companheiros do sofrimento e por esses a nós. Esta é a santa tradição vinda de Deus ao coração da Mãe Santíssima e do coração da Mãe aos corações dos filhos; assim continua sempre a tradição na Igreja. Quando se vêem as coisas como as vejo, parece este modo de transmissão mais vivo e mais santo. Os judeus de todos os tempos sempre veneraram os lugares consagrados por uma ação santa ou por um acontecimento de saudosa memória. Eles não esquecem um lugar onde se deu uma coisa sobrenatural: marcam-no com monumento de pedras e vão em peregrinação, para rezar. Assim também nasceu a devoção da Via Sacra, não por uma intenção premeditada, mas da natureza dos homens e das intenções de Deus para com seu povo, do fiel amor de uma mãe e, por assim dizer, sob os pés de Jesus, que foi o primeiro que a trilhou.”

Pode-se obter indulgência plenária rezando a Via Sacra de acordo com o costume, que consiste em fazer as leituras, orações e meditações de cada Estação diante do respectivo quadro, ou cruz, colocados habitualmente ao longo das paredes das igrejas. Quando a Via Sacra é rezada em conjunto e há dificuldade de todos se movimentarem ordenadamente, de uma Estação para outra, basta que o dirigente se desloque. É necessário ainda, além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado, até venial, o cumprimento das três condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice (costuma-se rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória). Uma confissão pode valer para se obterem todas as indulgências plenárias durante o período de um mês.

Indulgências para quem pratique o exercício da Via Sacra
É concedida indulgência plenária para quem praticar o exercício da Via Sacra, desde que o fiel:
  1. Esteja em estado de graça;
  2. Tenha a disposição interior do completo afastamento do pecado, mesmo só venial; se confesse sacramentalmente dos seus pecados;
  3. Receba a Santíssima Eucaristia (certamente é melhor recebê-la participando na Santa Missa, mas para a Indulgência só é necessária a sagrada Comunhão);
  4. Ore segundo as intenções do Sumo Pontífice.
Quem não possa realizar a Via Sacra nas condições acima, lucra indulgência plenária lendo e meditando a Paixão do Senhor pelo espaço de meia-hora ao menos.
 
(*) Sobre Anna Catharina Emmerich
 
Beata Anna Catharina Emmerich, filha de camponeses pobres, mas piedosos, nasceu na aldeia de Flamske, perto de Coesfeld, na Westfália (Alemanha), no dia 8 de Setembro de 1774 e foi batizada no mesmo dia. Desde a primeira infância, não cessou de receber do céu uma direção superior. Via frequentemente o Anjo da Guarda e brincava com o Menino Jesus, nos prados e no jardim. A estigmatização deu-se-lhe a 29 de Dezembro de 1812. Nesse dia, às 3 horas da tarde, estava deitada, com os braços estendidos, em êxtase, meditando na Sagrada Paixão de Jesus. Esse estado e a estigmatização tornaram-se públicos na cidade, em Março de 1813. Depois de muitos e indizíveis sofrimentos, chegou o dia da sua morte - 9 de Fevereiro de 1824. A 15 de Janeiro desse ano dissera a Serva de Deus: "Na festa de Natal o Menino Jesus me trouxe muitos sofrimentos, hoje me deu ainda maiores, dizendo: "Tu me pertences, és minha esposa: sofre como eu sofri; não perguntes porque, é para a vida e para a morte". Anna Catharina achou muitos veneradores na Alemanha e longe, além das fronteiras, que se alegraram pela abertura do processo chamado de informação, feito pela autoridade diocesana de Muenster, no ano de 1892. Encerrou-se esse processo no ano de 1899, sendo os documentos enviados à Santa Sé em Roma, para pedir a beatificação da piedosa sofredora. Sua beatificação ocorreu em 3 de outubro de 2004.
 

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

COMO SURGIRAM AS LADAINHAS

O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo (Tm 2, 1-3), recomendou-lhe que ensinasse o povo a fazer pedidos, orações, súplicas e ações de graças por todos.  Como síntese dessas orações, nasceram as “orações dos fiéis”, rezadas antes da apresentação das oferendas na missa, e as “ladainhas”. A mais antiga que se conhece é a de Todos os Santos (há textos do ano 400!). Não havia uma ladainha única, cada região ou comunidade acabava criando a sua, com o nome dos santos de sua devoção. A partir do século XII, começaram a se multiplicar ladainhas dedicadas unicamente a Nossa Senhora. Na verdade, desde que o anjo Gabriel saudara Maria em nome do Senhor, havia o costume de louvá-la e enaltecê-la a partir das virtudes e graças recebidas. No século XVI, surgiu, entre os peregrinos que iam à Santa Casa de Loreto, o costume de rezar uma ladainha própria, chamada Ladainha. Lauretana, com invocações e pedidos à Mãe de Deus. A forma como temos hoje foi aprovada pelo papa Clemente VIII (1592-1605), com um decreto de 6.9.1601. Com sua aprovação, vinha uma determinação: qualquer modificação nessa ladainha só poderia ser feita pelo órgão do Vaticano que hoje tem o nome de Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. A partir dessa aprovação papal, a Ladainha de Nossa Senhora (1) passou a ser rezada no mundo todo, com poucos acréscimos posteriores. O mais recente deles é a invocação: “Rainha da família”, que deve ser feita após “Rainha do Rosário” e antes de “Rainha da paz” (cf. Congregatio de Culto DIVINO ET Disciplina Sacramentorum, Notitiae 357, pp. 189-90, 4/1996.)


 LADAINHA DE NOSSA SENHORA

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho Redentor do Mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, (após cada invocação) Rogai por nós,
Santa Mãe de Deus,...
Santa Virgem das Virgens,...
Mãe de Jesus Cristo,...
Mãe da Divina Graça,...
Mãe Puríssima,...
Mãe castíssima,...
Mãe imaculada,...
Mãe Intacta,...
Mãe amável,...
Mãe admirável,...
Mãe do bom conselho,...
Mãe do Criador,...
Mãe do Salvador,...
Mãe da Igreja,...
Virgem prudentíssima,...
Virgem venerável,...
Virgem louvável,...
Virgem poderosa,...
Virgem clemente,...
Virgem fiel,...
Virgem benigna,...
Espelho da Justiça,...
Sede da Sabedoria,...
Causa da nossa alegria,...
Vaso Espiritual,...
Vaso Honorífico,...
Vaso Insigne de Devoção,...
Rosa Mística,...
Torre de Davi,...
Torre de Marfim,...
Casa de Ouro,...
Arca da Aliança,...
Porta do Céu,...
Estrela da Manhã,...
Saúde dos Enfermos,...
Refúgio dos Pecadores,...
Consoladora dos Aflitos,...
Auxílio dos Cristãos,...
Rainha dos Anjos,...
Rainha dos Patriarcas,...
Rainha dos Profetas,...
Rainha dos Apóstolos,...
Rainha dos Mártires,...
Rainha dos Confessores,...
Rainha das Virgens,...
Rainha de Todos os Santos,...
Rainha concebida sem Pecado Original,...
Rainha Assunta ao Céu,...
Rainha do Santíssimo Rosário,...
Rainha da Família,...
Rainha da Paz,...
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos: Ó Deus, pela Imaculada Conceição da Virgem, preparastes ao Vosso
Filho uma digna mansão, nós vos rogamos que a tendo preservado de toda a
mancha, na previsão da morte do vosso mesmo Filho, nos concedais pela sua
intercessão chegarmos até vós também purificados de todo o pecado. Pelo
mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Fonte: Livro “Com Maria, A Mãe de Jesus”, de Dom Murilo S.R.Krieger, scj (pág. 210)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PEDIDO DOS FILHOS

Semana passada fui convidada para assistir uma excelente palestra de um renomado Psicólogo,  Professor e Mestre em Educação, Dr.  Marcos Meier falando sobre educação de filhos. Uma palestra estupenda que me abriu os horizontes, o tema foi "Limites: como largar sem abandonar e segurar sem prender", fico muito grata à minha querida irmã que é pedagoga e me deu esse agradável presente. Para minha surpresa, navegando pela net encontrei esse texto primoroso que Dom Orlando escreveu e que tem tudo a ver com o que eu fui assitir nesse encontro de pais e mestres. Obrigada minha irmã por este presente!

Por Dom Orlando Brandes - Arcebispo de Londrina
Os filhos pedem a seus pais e educadores vinte solicitações.

1. Não tenham medo de ser firmes comigo. Sua firmeza me dá segurança.

2. Não me tratem com excesso de mimo. Nem tudo o que eu peço me convém.

3. Não me corrijam na frente de outras pessoas. Isso me revolta.

4. Não permitam que eu forme maus hábitos. Dependo de vocês para saber o que é certo e o que é errado.

5. Não façam promessas apressadas. Sinto-me mal quando as promessas não são cumpridas.

6. Não me sufoquem com suas preocupações. Eu também preciso aprender com o sofrimento e com os erros.

7. Não sejam falsos comigo. A falsidade faz eu perder a fé em vocês.

8. Não me incomodem com ninharias. Irei fazer-me de surdo.

9. Não dêem a impressão de serem perfeitos, infalíveis. O choque será muito grande quando eu descobrir seus defeitos.

10. Não deixem sem respostas minhas perguntas. Do contrário, deixarei de fazê-las e buscarei informações em outros lugares.

11. Não se sintam humilhados ao ter que pedir desculpas. O perdão me aproxima de vocês.

12. Não digam que minhas preocupações e problemas são tolices. Tentem compreender-me. Ficarei mais sereno.

13. Não esqueçam que estou crescendo e mudando rapidamente. Tentem acertar o passo comigo.

14. Não me comprem presentes. O melhor presente é a presença de vocês. Com vocês sinto-me seguro, forte, amado.

15. Acolham-me desde a fecundação, alimentem-me com aleitamento materno, dêem-me colo, toquem-me porque preciso de tudo isto para crescer saudável e equilibrado.

16. Preciso de um pai forte e amigo, de uma mãe equilibrada e feliz. Seu jeito de ser é que fica marcado em mim. Poderei esquecer suas palavras, não esquecerei seus gestos.

17. Não imponham nem direcionem minha profissão e vocação. Podem aconselhar-me, mostrar-me suas razões, mas deixem-me a liberdade de escolher.

18. Se vocês se amam eu me sinto amado por vocês. Se vocês brigam, não dialogam, não se perdoam, eu me sinto um órfão de pais vivos.

19. Porque vocês foram fracos no bem, eu agora sou forte no mal. Se vocês são pais despreparados eu cresço desequilibrado.

20. Se vocês não me elogiarem, se me castigarem injustamente, se não me ensinarem a rezar, se satisfizerem todos os meus desejos, vocês estragam minha vida.


Os filhos aprendem imitando. Daí a necessidade do casal se querer bem e dar bom exemplo. Dizia um filho aos pais: "peço que vocês me amem quando eu não mereço, porque é aí que eu mais preciso ser amado." Nada disso é fácil. O nascimento dos filhos traz grandes mudanças na família. Os cônjuges esquecem de ser esposos, trocam os papeis, e começam a ser somente pais. Apegar-se aos filhos e esquecer o cônjuge é um perigo. O primeiro amor na família é sempre o amor conjugal, depois o amor filial.

Além disso, temos pais agressivos e pais permissivos, mas precisamos de pai e mãe participativos. Os pais apegados aos filhos sofrem demais quando eles devem deixar o lar. Os desequilíbrios dos filhos levam ao desajuste do casal e vice-versa. Os pais conscientes tratam os filhos conforme a idade que eles têm. É preciso saber mudar de marcha. Pais ajustados, filhos equilibrados.

Um filho escreveu para seus pais: "Eu sou forte no mal porque vocês foram fracos no bem. Por isso estou preso". Os pais nunca podem abdicar do diálogo, devem estar abertos em buscar soluções e aceitar ajuda. Ninguém é infalível. Os pais aprendem com os filhos, mas devem sempre colocar limites e apresentar valores. Lares sem disciplina criam filhos folgados e onipotentes que se tornam delinqüentes. É a tirania dos filhos sobre os pais.

Temos hoje a "família filiarcal" que sucedeu à família matriarcal e depois à patriarcal. Filiarcalismo é fazer dos filhos pequenos deuses. Eles não ajudam em nada nos trabalhos da casa, deixam roupas sujas em cada canto, só comem o que querem, dominam os pais que se tornam seus escravos e reféns. Pais permissivos são mais prejudiciais que os autoritários.

Os filhos emitem sintomas que sinalizam a presença de problemas familiares. Quando os pais vão mal os filhos entram em ansiedade. Hoje a grande tentação é resolver as crises com o "divórcio fácil". É preciso crer nas soluções, na reorganização da família. O filho problema pode tornar-se o melhor. A ovelha negra se torna uma benção, quando recorremos a Deus, ao perdão, ao diálogo, à disciplina. Quem olha as soluções não cai nas acomodações. Os heróis se forjam nas carências e crises.

A arte de ser bons pais começa já no útero materno. A preparação para a missão de ser pai e mãe é assunto do namoro e noivado. Pais despreparados, filhos desequilibrados; pais ausentes, filhos delinqüentes; pais permissivos, filhos onipotentes; pais omissos, filhos rebeldes. Carregamos dentro de nós a criança que fomos no passado. Vale a pena investir no casal para que os filhos cresçam sadios, seguros e amorosos. A família é a esperança da sociedade e o futuro do mundo.
 

“JOELHOFOBIA”

Liturgia


Por Francisco Dockhorn

No simbolismo litúrgico oficial da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, o ato de ajoelhar é o mais significativo gesto corporal de adoração à Nosso Senhor Jesus Cristo, Presente Verdadeiramente no Santíssimo Sacramento do Altar em Corpo, Sangue, Alma e Divindade (Catecismo da Igreja Católica, 1373-1381). Tenho escutado, entretanto, repetidos relatos de situações que fiéis católicos tem passado tanto aqui no Brasil como em outros países, diante de sacerdotes e ministros da comunhão eucarística que tem negado ministrar o Corpo de Nosso Senhor à quem deseja recebê-Lo ajoelhado, muitas vezes determinando que o fiel se levante em plena fila da Sagrada Comunhão, fazendo-o passar por uma situação humilhante e constrangedora e gerando um escândalo enorme. Mas o que diz a lei da Santa Igreja à respeito disso? 

A este respeito, a Sagrada Congregação para os Sacramentos e Culto Divino publicou, em Julho de 2002 um documento proibindo a atitude de sacerdotes que negam ministrar a Comunhão a quem deseja receber Nosso Senhor ajoelhado. Diz o documento: "A recusa da Comunhão a um fiel que esteja ajoelhado, é grave violação de um dos direitos básicos dos fiéis cristãos. (...) Mesmo naqueles países em que esta Congregação adotou a legislação local que reconhece o permanecer em pé como postura normal para receber a Sagrada Comunhão, ela o fez com a condição de que os comungantes desejosos de se ajoelhar não seria recusada a Sagrada Eucaristia. (...) A prática de ajoelhar-se para receber a Santa Comunhão tem em seu favor uma antiga tradição secular, e é um sinal particularmente expressivo de adoração, completamente apropriado, levando em conta a verdadeira, real e significativa presença de Nosso Senhor Jesus Cristo debaixo das espécies consagradas. (...) Os sacerdotes devem entender que a Congregação considerará qualquer queixa desse tipo com muita seriedade, e, caso sejam procedentes, atuará no plano disciplinar de acordo com a gravidade do abuso pastoral." (Protocolo no 1322/02/L) Tal intervenção foi reiterada em 2003. 

Também a instrução Redemptionis Sacramentum, instrução publicada pela mesma congregação em 2004, determina: "Qualquer batizado católico, a quem o direito não o proíba, deve ser admitido à sagrada Comunhão. Assim pois, não é lícito negar a sagrada Comunhão a um fiel, por exemplo, só pelo fato de querer receber a Eucaristia ajoelhado ou de pé." (RS, 91). Com efeito, a forma tradicional que a Santa Igreja tem de receber o Corpo de Nosso Senhor é de joelhos (e diretamente na boca), em sinal de adoração à Nosso Senhor. Se as normas litúrgicas atualmente permitem que se receba o Corpo de Nosso Senhor em pé, é preciso que tenhamos clareza que, se por um lado a concessão torna isso moralmente lícito, por outro lado isto é uma concessão à regra tradicional, e que aqueles que desejarem receber o Corpo de Nosso Senhor ajoelhados, em sinal de adoração, são livres para fazê-lo. 

Vejo ainda muitos afirmarem que também na Consagração Eucarística deve-se permanecer em pé e não ajoelhado, e muitos afirmam inclusive que aprenderam isso em Cursos de Liturgia (!). Mas também quanto à isso à lei da Santa Igreja é clara em afirmar na Instrução Geral no Missal Romano determina que os fiéis estejam "de joelhos durante a consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Aqueles, porém, que não estão de joelhos durante a consagração, fazem uma inclinação profunda enquanto o sacerdote genuflecte após a consagração." (IGMR, 43). Temos então, nestas situações em que citamos, algo como se fosse uma "joelhofobia", em desacordo com o senso litúrgico e em desobediência explícita à lei da Santa Igreja. E escuto para isso argumentações como: "Deve-se estar não de joelhos, mas em pé como sinal de prontidão"; ou "A Eucaristia é banquete e ninguém come ajoelhado"; ou ainda "A Eucaristia é para ser comida, não para ser adorada". Ora, todas estas argumentações estão equivocadas! 

A Consagração e a Comunhão Eucarística são, antes de qualquer coisa, momentos sublimes de adoração, pois a Hóstia Consagrada é a Presença Real de Nosso Senhor; já dizia Santo Agostinho, Doutor da Santa Igreja: "Ninguém coma desta Carne se antes não A adorou."  A Santa Missa é a Renovação do Único e Eterno Sacrifício de Nosso Senhor, e embora tenha uma dimensão de banquete e ceia, é um banquete essencialmente sacrifical, que perde totalmente o sentido se não reconhecermos nele a dimensão de Sacrifício. Na Santa Missa não nos alimentamos de uma comida qualquer como em um banquete ou ceia comuns, mas sim do Carne e do Sangue de Nosso Senhor, escondidos sob a aparência do pão e do vinho. Por isso nos ensinou o saudoso Papa João Paulo II que não se pode esquecer que o "banquete eucarístico tem também um sentido primária e profundamente sacrifical" (Mane Nobiscum Domine, 15). Ocorre que, na atual crise doutrinária e litúrgica que vivemos, muitos "católicos" ditos "progressistas" negam ou obscurecem a Presença Real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento do Altar e o caráter sacrifical da Santa Missa, vivendo-a como se fosse um simples banquete, ceia, festa ou reunião social. Sobre isso, lamenta o saudoso Papa João Paulo II na sua fabulosa encíclica Ecclesia de Eucharistia: "As vezes transparece um compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrifical, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesma. Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que se fundamenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio. (...) 

Como não manifestar profunda mágoa por tudo isto? A Eucaristia é um Dom demasiadamente grande para suportar ambiguidades e reduções." (EE 10) Consequência natural disso é a desvalorização e o desaparecimento, em muitos lugares, do sinais e símbolos litúrgicos que expressam a fé católica no que diz respeito ao Santo Sacrifício da Missa, tais como: os paramentos litúrgicos, as velas, o incenso, a genuflexão, o dobrar os joelhos e assim por diante. É necessário uma nova tomada de consciência entre os católicos, para que, em obediência ao Sumo Pontífice Gloriosamente Reinante - o Papa Bento XVI -, o Santo Sacrifício da Missa seja conhecido e valorizado em sua essência, seus sinais e símbolos sejam também valorizados e as leis litúrgicas sejam, de fato, obedecidas, contrapondo-nos à isto que é como se fosse uma "joelhofobia" e à todos os demais abusos litúrgicos, para a Glória de Nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.