São
Nilo, Eremita do século V, amigo e discípulo de São João Crisóstomo,
Superior de um Mosteiro de Ancira, na Galácia, morreu no ano 430. Sua
Profecia foi inserida na importante obra de Hagiografia: “Bibliotheca
Sanctorum”, vol. IX, p. 1008.
Antes
de apresentarmos essa Profecia, é bom fazer algumas considerações
iniciais, para que a sua simples leitura não seja superficial, nem
passem desapercebidas as coisas e acontecimentos que ela nos revela. Essa profecia tem mais de 1570 anos, o que equivale a mais de XV séculos e meio, e é de estilo Apocalíptico. Humanamente
falando: é absolutamente impossível que um homem, sem a ajuda de Deus,
possa conhecer o futuro, dizendo, com incrível precisão, as coisas que
estão por acontecer.
São Nilo, que viveu no século V, disse que sua Profecia realizar-se-ia no século XX. A
indicação da época em que esta viria realizar-se e a sua realização
revela a sobrenaturalidade da profecia, ou seja, faz-nos ver que foi
Deus que falou, afastando, assim, a argumentação de que sua realização
seja apenas uma mera coincidência, ou fruto de uma interpretação
comodata dos textos proféticos da Bíblia.
A
predição da época, e a sua realização, é um testemunho que faz brilhar a
onisciência de Deus, e sinal de que a Profecia não veio do homem, mas
de Deus. Ora, nem o homem e, segundo a teologia, nem os Anjos e nem os
Demônios podem conhecer, com certeza, o que irá acontecer, porque têm a
inteligência limitada. Deus,
porém, pode conhecer, com certeza, o que irá acontecer, num futuro
próximo ou longínquo, porque sua inteligência é ilimitada, ou seja,
compreende tudo: o presente, o passado e o futuro.
A
inteligência do homem mau compreende o presente; a do Anjo compreende o
presente e o passado; e tanto um como o outro, não podem, de maneira
absoluta, conhecer o futuro. Portanto,
a Profecia de São Nilo, que trás a compreensão exata de coisas futuras,
que viriam acontecer XV séculos depois de sua predição, só pode ter a
Deus por autor.
A
Profecia de São Nilo deve ser considerada como uma interpretação divina
e profética das Profecias Bíblicas, porque nos indica o tempo exato em
que elas iriam realizar-se.
Deus
quis, por meio dessa Profecia, assistir à sua Igreja, nestes tempos
conturbados pelo qual ela está passando, porque essa Profecia é um Dom
do Espírito Santo, o qual foi prometido aos Apóstolos para guiar toda a
Igreja no caminho da verdade como tal, conforme disse nosso Senhor Jesus
Cristo: “Quando vier, porém, o Espírito de verdade, ele vos guiará no
caminho da verdade integral, porque não falará de si mesmo, mas dirá
tudo o que tiver ouvido e anunciar-se-vos-á as coisas que estão para
vir.” (Jô. 16, 13). As “coisas que estão para vir” são todas aquelas “coisas” que foram profetizadas por nosso Senhor Jesus Cristo, pelos Profetas
e pelos Santos Apóstolos, ou seja, as “coisas que estão para vir” são
as Profecias que dizem respeito ao final dos tempos e sobre a aparição
do Anticristo.
O Espírito Santo, por meio de seus Dons de Profecia, anunciará o tempo exato, em que todas estas coisas acontecerão. A
Profecia de São Nilo anuncia, de maneira extraordinária, o tempo exato
em que os sinais da Parusia, profetizados por nosso Senhor Jesus Cristo e
pelos Santos Apóstolos, viriam acontecer.
Embora
a Profecia de São Nilo indique a época de sua realização, isto não
contradiz em nada o que está escrito: “Mas, quanto àquele dia e àquela
hora, ninguém sabe, nem os Anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai”.
(Mt. 24, 36).
Não
contradiz, porque a Profecia indica o século, e não o dia e a hora, em
que os sinais ali descritos viriam acontecer, como anúncio da aparição
do Anticristo e do fim dos tempos.
Segue-se, agora, o texto da Profecia:
“A Vinda do Anticristo”
“Depois do ano 1900, por meados do século XX, as pessoas desse tempo tornar-se-ão irreconhecíveis ... Quando
se aproximar o tempo da vinda do Anticristo, a inteligência dos homens
será obscurecida pelas paixões carnais: a degradação e o desregramento
acentuar-se-ão. O mundo, então, tornar-se-á irreconhecível. As pessoas
mudarão de aparência, e será impossível distinguir os homens das
mulheres, por causa do atrevimento na maneira de se vestir e na moda de
seus cabelos.
Essas pessoas serão desumanas e como autênticos animais selvagens, por causa das tentações do anticristo. Não
se respeitará mais os pais e os mais idoso. O amor desaparecerá. E os
pastores cristãos, bispos e sacerdotes, serão homens frívolos,
completamente incapazes de distinguir o caminho à direita, ou à
esquerda. Nesse tempo as leis morais e as tradições dos cristãos e da Igreja mudarão.
As
pessoas não praticarão mais a modéstia e reinará a dissipação! A
mentira e a cobiça atingirão grandes proporções, e infelizes daqueles
que acumularão riquezas! A luxúria, o adultério, a homossexualidade, as ações secretas e a morte serão a regra da sociedade.
Nesse
tempo futuro, devido o poder de tão grandes crimes e de uma tal
devassidão, as pessoas serão privadas da graça do Espírito Santo,
recebida no seu batismo, e nem sequer sentirão remorsos.
As
Igrejas serão privadas de pastores piedosos e tementes a Deus, e
infelizes dos cristãos que restarem sobre a terra, nesse momento! Eles
perderão completamente a sua Fé, porque não haverá quem lhes mostre a
luz da verdade. Eles se afastarão do mundo, refugiando-se em lugares
santos, na intenção de aliviar os seus sofrimentos espirituais, mas, em
toda a parte, só encontrarão obstáculos e contrariedades.
Tudo
isto resultará do fato de que o Anticristo deseja ser o senhor de todas
as coisas, e se tornar o mestre de todo o Universo. Ele realizará
milagres e sinais inexplicáveis. Dará
também a um homem sem valor uma sabedoria depravada, a fim de descobrir
um modo pelo qual um homem possa ter uma conversa com outro, de um
canto ao outro da terra.
Nesse tempo, os homens também voarão pelos ares como os pássaros, e descerão ao seio do oceano como os peixes. E
quando isso acontecer, infelizmente, essas pessoas verão as suas vidas
rodeadas de conforto, sem saber, pobres almas, que tudo isso é uma
fraude de Satanás.
E
ele, o ímpio, inflará a ciência da vaidade, a tal ponto que ela se
afastará do caminho certo e conduzirá as pessoas à perda da Fé na
existência de Deus, de um Deus em Três Pessoas...
Então,
Deus, infinitamente Bom, verá a decadência da raça humana, e abreviará
os dias, por amor do pequeno número daqueles que deverão ser salvos,
porque o Inimigo desejaria arrastar mesmo os eleitos à tentação, se isso
fosse possível. Então a espada do castigo aparecerá de repente e derrubará o corruptor e seus servidores.”
Se
compararmos a Profecia de São Nilo com todas as Profecias Bíblicas, de
estilo apocalíptico, notaremos uma identidade de idéias muito profundas,
de forma que elas se compreendem e se completam.
As profecias Bíblicas que tratam sobre o “Fim dos Tempos” e sobre a
“Vinda do Anticristo”, descrevem de forma extraordinária todos os sinais
que acontecerão naqueles dias, mas só que não revelam o tempo exato em
que estas coisas viriam a se realizar, ao passo que São Nilo, ao tratar
sobre o mesmo assunto, indica o tempo em que tudo isso viria a
acontecer. Por isto a Profecia de São Nilo torna-se uma interpretação
divina e profética das Escrituras.
Portanto, diante da angustiante questão: quando será o fim dos tempos? E
Quando virá o Anticristo? – podemos afirmar, com São Nilo, e sem medo
de errar, que o tempo em que tudo isto começaria a realizar-se é o nosso
século XX.
Deus anunciou os sinais da Parusia, e São Nilo, mais de XV séculos e
meio antes, iluminando por Deus mesmo, anunciou, com extraordinária
precisão, o tempo ou a época em que a Parusia começaria a acontecer.
O tempo, anunciado por São Nilo, é o século XX, ou seja, um período que vai desde 1900 até 2000.
Contudo, surge aí uma dificuldade: A Profecia indica o início da época
em que os sinais da Parusia começariam a realizar-se, mas ao contrário
do que muitos possam pensar, não indica o tempo em que esta Profecia
concluir-se-á, de tal modo que o “fim” pode ser muito depois do ano
2000.
São Nilo marcou, e com extraordinária precisão, o início de sua Profecia
para “meados do século XX”, ou seja, alguns anos depois da metade deste
século.
Como todos sabem, “um século” tem “cem anos”, e a metade de “cem” (100/2) é “cinqüenta” (50). Mas, a palavra “meados” significa mais meia metade, ou seja, mais uns “vinte e cinco” anos (25).
Portanto, 1900 + 50 = 1950 + 25 = 1975, ou seja, a Profecia de São Nilo
começou a cumprir-se num período que vai desde 1950 até 1975. A parte central e a mais importante dessa Profecia, realizou-se entre os
anos 50 – 70, com a realização do Concílio Vaticano II, que foi o único
“Concílio atípico” da História Eclesiástica.
Depois de indicar a época em que sua Profecia começaria a se cumprir,
São Nilo descreve, com uma precisão verdadeiramente admirável, o triunfo
geral do pecado, ou seja, a aceitação do “liberalismo” no mundo todo.
Profetizou a revolução indumentária que, segundo Nossa Senhora de Fátima, ofenderia muito a Deus nosso Senhor. No século V as mulheres não usavam calças compridas, foi só depois dos
anos 60 que esse costume se generalizou, com o surgimento do movimento
“hippie”, e vulgarizado por uma maciça propaganda na imprensa tanto
falada como escrita, ou seja, a nova moda foi amplamente divulgada no
Cinema, na Televisão, nos Jornais e Revistas do mundo todo.
Foi nesse tempo que o Papa João XXIII, ao inaugurar o Concílio Vaticano
II, recusou, e convidou todos os Padres Conciliares a recusar, a postura
de ataque e defesa da verdade contra o erro, ao pronunciar as seguintes
palavras: “Sempre a Igreja se opôs aos erros; muitas vezes até os
condenou com a maior severidade. Nos nossos dias, porém, a esposa de
Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade.”
(Comp. Vat. II, p. 8, Introd. Geral, Frei Boaventura Klop, O.F.M., Ed.
Vozes, 4.ª ed.).
Infelizmente esse pronunciamento vai de encontro à palavra de Deus, que
disse: “Porquanto o não ser proferida logo sentença contra os maus é
causa de cometerem os filhos dos homens crimes sem temor algum.”
(Eclesiastes, 8, 11).
Com a recusa do espírito destas palavras do Eclesiastes, o Inimigo se
infiltrou na Igreja, e os Exércitos Católicos começaram a decair. Foi
por causa dessas idéias que o mundanismo triunfou, e se tornou causa de
perdição para um incontável número de almas.
Neste sentido o Concílio Vaticano II foi atípico porque, ao recusar a
condenação dos erros atuais, acabou por condenar um passado de mais de
XX séculos da Igreja. Primeiro veio a crise de moral, depois a crise de Fé e a crise dos Eclesiásticos. Depois de anunciar a crise de caridade e a crise dos Eclesiásticos, São
Nilo profetizou o seguinte: “Nesse tempo as leis morais e as tradições
dos cristãos e da Igreja mudarão”.
Estas palavras, que foram proferidas mais de XV séculos antes,
constituem o centro da Profecia de São Nilo. Por causa disto ela é a
chave que permite entender e interpretar todas as Profecias Bíblicas, as
de Nossa Senhora e as dos Santos, que dizem respeito ao “Final dos
Tempos”.
Estas palavras são como que a “bússola”, com a qual podemos interpretar
as demais. Falo assim, porque, como todos podem ver, a Profecia de São
Nilo cumpriu-se ao pé da letra, de maneira infalível.
Muitos terão medo de compreender o verdadeiro sentido destas palavras,
porque elas exigem de todo bom católico uma postura de resistência às
mudanças condenadas pela Profecia, e de permanência àquelas coisas que o
Anticristo deseja abolir.
Mas ao lado dos que, pela covardia, desprezarão estas palavras, outros
mais não darão à elas a devida importância, por causa de um triste e
enganoso sentimento de escrúpulos, porque as palavras da Profecia os
levarão a tomar uma postura de conflito, e mesmo de “aparente
desobediência” às Autoridades Sagradas.
O escrúpulo é a tentação na qual muitos bons católicos caíram, e com
isso contribuem, sem se darem conta, com a obra de demolição da Fé, que
penetrou na Igreja. O escrúpulo levou muitos sacerdotes a obedecer “ordens e decretos” em
desacordo formal com as Tradições da Igreja e das Escrituras; e ainda a
justificarem sua obediência ao modernismo, dizendo que “Deus escreve
certo por linhas tortas”.
Mas que ninguém tenha escrúpulos, porque no passado já houve cristãos
que resistiram mesmo às mais altas Autoridades da Igreja, em defesa e
conservação da Fé.
Assim, por esta razão, o próprio Santo Atanásio, como é de todos
conhecido, não hesitou em resistir e desobedecer mesmo ao Papa Libério,
que o tinha proibido de combater a heresia Ariana.
Por causa disto o Papa Libério excomungou o Bispo Atanásio que, mais
tarde, foi reconhecido e canonizado pela Igreja, porque no tempo da
heresia Ariana, foi o único Bispo Católico, ou seja, que não pecou
contra a Fé, aderindo à heresia ou deixando de combate-la.
Para não pecar contra a Fé, ele teve que “desobedecer” aos homens, para obedecer a Deus. Mais tarde São Máximo e São Sofrônio, Bispos, resistiram e desobedeceram
ao Papa Honório I, porque permaneceram fiéis às Tradições dos Antigos e
rejeitaram a heresia monifisita.
Por causa desta desobediência aparente, eles foram Canonizados, e o Papa
Honório foi, depois de sua morte, excomungado pelo III Concílio de
Constantinopla e pelo Papa São Leão II.
Eis as palavras de São Leão II, Papa: “Anatematizamos (...) Honório
(Papa), que não ilustrou esta Igreja Apostólica com a doutrina da
Tradição Apostólica, mas permitiu por uma traição sacrílega, que fosse
maculada a Fé imaculada” (...) e “não extingüiu, como convinha à sua
autoridade, a chama insipiente da heresia, mas a fomentou por sua
negligência.” (Denz. Sch. 563 e 561).
O VI Concílio Ecumênico, assim se expressou, ao analisar as cartas do
Papa Honório e do Patriarca Sérgio: “tendo verificado estarem elas em
inteiro desacordo com os dogmas apostólicos e as definições do Santos
Concílios e de todos os Padres dignos, de aprovação, e pelo contrário
seguirem as falsas doutrinas dos hereges, nós as rejeitamos de modo
absoluto e as execramos como nocivas às almas.” (Denz. Sch. 550).
São Máximo e São Sofrônio “desobedeceram” e “resistiram” publicamente
“contra” o Papa Honório e contra todos os Prelados e Sacerdotes que
apoiaram Honório e o Patriarca Sérgio na heresia monofisita, e
mereceram, por causa disto, a glória dos Altares.
Honório e o Patriarca Sérgio foram apoiados por meio de uma “obediência
servil”, que prefere imolar a verdade, ao invés de imolar-se pela
verdade. O Padre Fernando Áreas Rifan, no que toca à obediência, disse o
seguinte: “A obediência é uma virtude moral, inferior à Fé, que é uma
virtude teologal. A obediência é uma virtude moral, inferior à Fé. A Fé
não tem limites. A obediência os tem. Obedecer é fazer a vontade de
Deus, expressa na vontade dos superiores, representantes de Deus. Mas se
a ordem dos superiores se revela em contradição com a vontade de Deus,
então vale aplicar a frase de São Pedro: ‘É preciso obedecer a Deus
antes que aos homens’ (Atos 5,29). Assim, o 4.ª mandamento manda o filho
obedecer aos pais. Mas se o pai lhe manda algo contra a vontade de
Deus, o filho não deve fazer o que o pai ordena, e peca se o fizer”.
É bem conhecido de alguns um Documento, chamado Masterplano (“Plano da
maçonaria para destruir a Igreja”), onde está escrito que “o plano”
seria “executado pelos bons católicos”, que poriam em prática seus
objetivos por via da obediência.
A autenticidade ou não desse Documento fica a critério de cada um, o que
queremos, é mostrar, por este exemplo, o poder que uma falsa noção de
obediência tem, para desviar o Clero e os fiéis do bom e reto caminho da
Tradição Apostólica.
Foi no ConcílioVaticano II que mudaram as tradições da Igreja. E essas
mudanças foram impostas à toda Igreja, em nome da obediência. Mudaram a
Missa, introduziram a Comunhão na mão e em pé, tiraram o véu da cabeça
das mulheres, permitiram que o mundanismo entrasse na Igreja, etc.
Do Concílio Vaticano II saiu uma mudança radical, um rompimento formal
com a Tradição, em suma, saiu dali uma nova Igreja. Saiu dali o “cisma
mortal”, de que fala a Profecia de Lerida.
Mas assim como, no tempo do Papa Honório e do Papa Libério, houve
Prelados que se opuseram às novidades, como São Máximo, São Sofrônio, e
Santo Atanásio, que, por sinal, foram excomungados, porque desobedeceram
aos homens, para obedecer a Deus, também no tempo do Concílio Vaticano
II, e em nosso tempo, houve e há Prelados que resistiram e resistem às
mudanças, e foram obrigados a “desobedecerem” aos Papas Paulo VI, João
Paulo I, e João Paulo II, para permanecerem fiéis às Tradições Imutáveis
da Igreja, tais como a Doutrina, a Missa Tridentina, o Catecismo, etc.
Estes Prelados foram os Bispos Dom Marcel Lefebvre e Dom Antonio de
Castro Mayer. Por causa desta resistência eles foram excomungados pela
Santa Sé, em junho de 1988. As Fraternidades Sacerdotais, por eles fundadas, continuam, ainda hoje,
com a graça de Deus e da Virgem, resistindo firmes contra o modernismo
demolidor da Fé, que se instalou na Igreja.
Como estes dignos Prelados já estivessem em idade avançada, e temendo
que já estivessem perto da morte, e para garantir a sobrevivência de
suas Fraternidades Sacerdotais, cuja missão era a de dar continuidade às
Tradições da Igreja, principalmente à Missa Tridentina, e aos
Sacerdotes formados segundo o espírito do Concílio de Trento, Dom
Lefebvre pediu, várias vezes, à Santa Sé a autorização para a sagração
de pelo menos uns dois Bispos. A Santa Sé negou, diplomaticamente, este
pedido. Como a sobrevivência de suas Fraternidades exigia novos Bispos,
ele sagrou, mesmo sem a licença de Roma, quatro Bispos para a Tradição,
incorrendo, com isso na excomunhão prevista no código 1382, do Direito
Canônico.
Hoje em dia, por causa dos códigos 1321, 1323 e 1324, do Direito
Canônico, conforme declaração de vários canonistas, eles já não são mais
considerados “rebeldes” e “excomungados”, porque estes cânones tornam
nula a pena prevista no código 1382, por causa das razões que motivaram
Dom Lefebvre proceder às sagrações sem mandato pontifício.
O próprio Cardeal Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação para a
Doutrina da Fé, declarou nula e sem efeito a excomunhão que o Bispo de
Honolulu, no Havaí, lançou contra um grupo de fiéis que mantêm uma
Capela assistida pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X, por ocasião de
Crismas realizadas por Dom Richard Williamson, Bispo sagrado por Dom
Lefebvre sem o mandato pontifício.
Diz a História da Igreja que Santo Atanásio sagrou 14 Bispos, “fora dos
limites de sua jurisdição”, e que o muito Santo Eusébio também impôs “as
mãos fora dos limites.” (Patres Graeci e Migne).
São Teodoro Estudita, ao comentar estes fatos, diz o seguinte: “Em razão
de imperiosas necessidades, nem tudo, em momentos críticos onde campeia
a heresia, se faz exatamente o que se estabeleceu em tempos de paz.
Ora, eis precisamente o que o bem-aventurado Atanásio e o muito santo
Eusébio fizeram manifestamente: ambos impuseram as mãos fora dos limites
(de sua jurisdição)”. (Patres Graeci. Migne. V. 99, col. 1645 – 1648).
Portanto, em tempos de crise de Fé, quando essa crise atinge as próprias
autoridades, a obediência torna-se relativa, ou seja, limitada pelos
dogmas de Fé e pelas Tradições Apostólicas.
O modernismo foi excomungado pelo Papa São Pio X, e a liturgia da missa
nova viola, entre outras coisas, o cânon 9 da Sessão XXII do Concílio
Tridentino, incorrendo, “ipso facto”, nos “anátemas” que ali foram
pronunciados. O Concílio Vaticano II violou, entre outros, a Bula “Quo
Primum Tempore”, de São Pio V, a “Mirarivos”, a “Mortalium animus”, o
“Sílabus”, a “Pascendi”, a “Mediator Del”, e nenhuma Autoridade Vaticana
teve a coragem de condenar esses erros, mas tiveram a coragem de
condenar àqueles que estão impugnando o modernismo violador destes
Documentos e de toda a Tradição Apostólica.
A Tradição Apostólica, violada pela Igreja Pós Conciliar, tem uma
importância de origem Divina, e por isso não pode ser violada. São Paulo
Apóstolo sempre ordena a fidelidade às Tradições Apostólicas (II Tess.
2, 14; 3, 6; 13-15;etc.). Os Padres da Igreja, dignos de aprovação,
elegeram a Tradição Apostólica como critério de verdade, que serve para
distinguir o “joio” do “trigo”, ou seja, os hereges dos católicos.
São Vicente de Lerins, no que toca às Tradições, escreve o seguinte: “Na
Igreja Católica, deve-se ter sumo empenho em que mantenhamos aquilo que
foi crido em toda a parte, sempre e por todos, pois isto é que é
verdadeira e propriamente católico. (...) Portanto, pregar algo aos
católicos fora daquilo que eles receberam, nunca foi lícito, em parte
alguma é lícito, e nunca será lícito; e anatematizar aqueles que
anunciam algo fora do que foi uma vez aceito, foi sempre necessário, em
toda a parte é necessário e sempre será necessário.” (Communitorium,
Ench. Patr. 2168).
Pois bem, o Concílio Vaticano II rompeu com todas as Tradições do
passado, e construiu uma nova Igreja, por isso os Tradicionalistas, e
mais alguns outros, resistiram firmemente à essa crise de Fé, que foi
Profetizada muitos séculos antes por nosso Senhor, pelos seus Santos
Apóstolos, por São Nilo, por São Boaventura, por São Vicente Ferrer, e
por Nossa Senhora: em Quito, La Salette e em Fátima.
O Papa Adriano II, ao analisar o caso do Papa Honório, declarou que a
resistência dos inferiores aos superiores torna-se legítima em tempos
críticos e de crise de fé, ao dizer: “Honório foi anatematizado pelos
Orientais; mas deve-se recordar que ele foi acusado de heresia, único
crime que torna legítima a resistência dos inferiores aos superiores,
bem como a rejeição de suas doutrinas perniciosas.” (Alloc. III lect. In Conc. VIII, act, VII, citado por Pes. Trads in “A missa nova: um caso de consciência, p. 3).
O Papa Honório foi excomungado pela Igreja, mas isso não significa, de
maneira alguma, que ele tenha sido condenado ao Inferno; ele pode, mesmo
penalizado pela excomunhão, estar no céu ou no purgatório. A Igreja o
excomungou a fim de que ninguém seguisse seus erros e fraquezas.
São Gregório Magno, o Papa Místico, profetizou o silêncio dos
Pontífices, no seu comentário sobre o Anticristo, ao dizer: “a boca da
verdade calará”, e “calar-se-á aquele que deveria falar”.
Todo o drama do “Final dos Tempos” está desenhado na Profecia de São
Nilo, de modo a marcar, com extraordinária precisão, o tempo exato em
que todas as Profecias começariam a realizar-se.
Fidelidade heróica às Tradições da Igreja é uma das principais mensagens da Profecia de São Nilo.
São Nilo, rogai por nós!
Fonte: Site Rainha Maria.