A Igreja nos pede para refletir sobre o fim do mundo.

Dn.12,1-3 / Hb.10,11-14.18 / Mc.13,24-32

Segundo a Bíblia, Antigo e Novo testamento, antes do fim do mundo virão os céus novos e a terra nova, isto é, o paraíso terrestre será novamente estabelecido na terra por Deus: 17 Sim, vou criar novo céu e nova terra: Já não haverá lembrança do que passou, nisto já não se pensará. (Is.65,17); 13 Nós, porém, de acordo com a sua promessa (promessa de Jesus) esperamos novos céus e nova terra em que mora a justiça (2Pr.3,13). Devemos esclarecer que a palavra “céu” ou “céus” na bíblia tem dois sentidos. No Pai Nosso: “Pai nosso que estais no céus… a palavra “céus” indica a casa do Pai que é perfeita e nunca será renovada. Quando a Bíblia fala em “céu” ou “céus” novos… a palavra “céus” indica o conjunto dos astros. Jesus resumiu o que Antigo Testamento anunciou em relação à volta do paraíso terrestre antes do fim do mundo, na oração do Pai Nosso na qual nos mandou pedir ao Pai um reino, durante o qual, a vontade de Deus será feita na terra de forma tão perfeita como ele está sendo feita agora na casa dele: 10 venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu (Mt.6,10). O único período no qual a vontade de Deus foi feita na terra de forma tão perfeita como ela está sendo feita agora no céu foi o período em que durou o paraíso terrestre, ou seja, o período que vai da criação de Adão e Eva até eles cometerem o primeiro pecado. Portanto, na oração do Pai Nosso pedimos a Pai a volta do paraíso terrestre. Se Jesus mandou que pedíssemos a volta do paraíso terrestre é porque está nos planos do Pai estabelecer novamente o paraíso terrestre sobre a terra.

Antes de criar a vida vegetal, animal e humana, Deus preparou a superfície da terra: reuniu as água dos mares num único lugar, formando um só mar, nivelou a superfície da parte emersa da terra, distribuiu a água potável em pequenos córregos por toda a superfície. Assim havia ar, água e comida em toda a superfície da terra para os animais e para os seres humanos: os animais comiam as folhas e os seres humanos comiam as frutas e as sementes. Deus posicionou a terra em relação ao sol de maneira que a temperatura se mantinha constante ao longo de todo o ano, possibilitando às árvores produzir frutos durante todo o ano. O corpo humano era compatível com a natureza, não necessitando de roupas nem casas. No paraíso terrestre, os animais morriam porque não tinham alma; mas, como as árvores, não sentiam dor. Os seres humanos, que possuem alma, era livres do sofrimento e da morte.

Se Deus tivesse submetido os seres humanos ao sofrimento e à morte desde o momento da criação, teria sido um Deus cruel, por ter submetido suas criaturas ao sofrimento e à morte sem motivo. Mas, ao criar o primeiro casal livre do sofrimento e da morte, Deus o avisou que seria submetido ao sofrimento e à morte se pecasse: 16 O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: “Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer” (Gn.2,16-17). Deus tinha dado ao casal outra ordem, crescei e multiplicai-vos: 27 Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea ele os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei e subjugai a terra! Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre tudo que vive e se move sobre a terra” (Gn.3,27-28).

Antes do pecado o corpo humano era perfeito e o casal sabia exatamente quando deviam ter relações sexuais para que a mulher ficasse grávida. Quando Adão e Eva pecaram, a mulher não estava grávida, portanto, não tinham ainda cumprido a ordem divina de se multiplicar. Como os dois desobedeceram às duas ordens recebidas de Deus, Deus submeteu a eles e a todos os seus descendentes ao sofrimento e à morte através da maldição da terra: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar” (Gn.3,17-19).

Ao submeter o primeiro casal e seus descendentes ao sofrimento e à morte, Deus não foi cruel, mas justo. Deus avisou que os seres humanos se manteriam livres do sofrimento e da morte somente se permanecessem fiéis. Adão e Eva pecaram e, ao serem interpelados por Deus após o pecado, não se arrependeram, Deus castigou como havia avisado. Também os animais foram submetidos ao sofrimento, provavelmente porque, se os animais não sentissem dor, o homem nunca conseguiria dominá-los. As árvores são vivas e se reproduzem e foram conservadas livres do sofrimento porque, sendo fixas ao solo, não têm como atacar e destruir os seres humanos.

Para Deus restaurar novamente o paraíso terrestre precisa apenas retirar a maldição da terra (Gn.3,17-19): os mares se reunirão automaticamente num só lugar, as montanhas se abaixarão, os vales se encherão, os rios grandes se dividirão em pequenos córregos que se espalharão por toda a superfície da terra, todas as plantas produzirão frutos durante todo o ano: assim será a terra renovada. O planeta terra tomará outra posição em relação ao sol: céus novos. Quem estiver no caminho das águas que se movimentam para formar um só mar e pequenos córregos e do solo que se movimenta para baixar os montes e encher os vales será exterminado. Esta é grande tribulação que precederá a renovação de todas as coisas. Sobrará um pequeno número de seres humanos com os quais Deus estabelecerá o seu reino na terra: 10 venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu (Mt.6,10).

O profeta Daniel anuncia uma grande tribulação: 1 Nesse tempo se apresentará o grande príncipe Miguel assistente de teu povo, e haverá um tempo de tribulação, como não houve até agora, desde que há povo. Mas nesse tempo, teu povo será salvo, todos os que se acharem registrados no Livro (Dn.12,1-2). Jesus reconfirma a grande tribulação anunciada por Daniel: 24 Mas naqueles dias, depois dessa tribulação, o sol escurecerá e a lua não dará sua claridade, 25as estrelas cairão do firmamento e os poderes do céu serão abalados (Mc.13,24-25). Esta grande tribulação corresponde à destruição do reino do homem, isto é tudo aquilo que o homem construiu, no momento em que Deus modificar a superfície da terra como exposto acima.

O profeta Isaías anuncia que, quando Deus restaurar a superfície do planeta para torná-la igual ao que era no tempo do paraíso terrestre, sobrarão poucos sobreviventes: 1 Eis que o Senhor devasta a terra e a desola, transtorna sua superfície e dispersa os habitantes. 2 E acontecerá o mesmo ao povo como ao sacerdote, ao escravo como ao senhor, à escrava como à patroa, ao vendedor como ao comprador, ao que empresta como ao que toma emprestado, ao credor como ao devedor. 3 A terra será totalmente devastada e inteiramente saqueada, porque o Senhor pronunciou esta palavra. 4 A terra está de luto, ela murcha, desfalece e murcha o universo, desfalecem os lugares altos juntamente com a terra. 5 A terra foi profanada pelos habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. 6 Por isso a maldição devorou a terra e são culpados os que nela habitam. Por isso os habitantes da terra foram consumidos e restaram poucos homens (Is.24,1-6).

1. No paraíso terrestre não havia montanhas e vales. No novo paraíso terrestre – terra nova – os montes serão abaixados e os vales enchidos: 4 Todo vale seja entulhado e todo monte e colina sejam abaixados. O espinhaço se torne planície e as escarpas se transformem em amplo vale! (Is.40,4).
2. No paraíso terrestre não havia rios grandes, porque a água doce era espalhada em pequenos córregos por toda a superfície emersa da terra para que os animais e os homens tivessem água em toda a superfície da terra. No novo paraíso os rios grandes serão divididos em pequenos córregos espalhados por toda a superfície da terra: 15 O Senhor secará o golfo do mar do Egito, agitará sua mão contra o rio, com a força de seu sopro. Ele o ferirá nos seus sete canais, que será possível atravessar com sandálias. 16 Haverá um caminho aplanado para o resto do seu povo que sobrar da Assíria, como houve para Israel no dia em que subiu do país do Egito (Is.11,15-16).
3. No paraíso terrestre o leão comia capim. No novo paraíso terrestre o leão voltará a comer capim: 7 A vaca e o urso pastarão; juntos se deitarão os seus filhotes e o leão comerá capim como o boi Is.11,7).
4. No paraíso terrestre não havia serpente venenosa. As serpentes que hoje são venenosas deixarão de ser venenosas no novo paraíso terrestre: 8 A criança de peito brincará sobre a toca da áspide e sobre a cova da serpente a criança pequena estenderá a sua mão (Is.11,8).
5. No paraíso terrestre, através da natureza, Deus fornecia ar, água e comida para todos sem o trabalho do homem. No novo paraíso Deus fornecerá um grande banquete para todos: 6 O Senhor Todo poderoso prepara nesta montanha para todos os povos um festim de vinhos velhos; alimentos gordos suculentos, vinhos velhos depurados (Is.25,6).
6. No paraíso terrestre os seres humanos não sentiam dor e não morriam. No novo paraíso terrestre Deus libertará os seres humanos do sofrimento e da morte: 7 Ele fará desaparecer nesta montanha o véu estendido sobre todos os povos, o pano que cobre todas as nações. 8 Fará desaparecer a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e removerá de toda a terra o opróbrio de seu povo, porque o Senhor falou (Is.25,7-8).
7. No paraíso terrestre Deus Pai aparecia a Adão e Eva. No novo paraíso terrestre Deus Filho aparecerá a todos da mesma forma em que Jesus, após a ressurreição, apareceu aos discípulos durante quarenta dias: 2 Naquele dia, cantai à vinha deliciosa! 3 Eu, o Senhor , sou o guarda, em todo momento eu a rego. Para que nada sofra, eu a guardo noite e dia (Is.27,2-3).

A grande tribulação acontecerá na passagem da situação atual do mundo para o novo paraíso terrestre, quando Deus restaurar a superfície da terra para torná-la igual ao que era no tempo de Adão e Eva antes do pecado.

O novo paraíso terrestre durará o tempo necessário para lotar a casa do Pai, isto é, até quando forem geradas as pessoas necessárias para ocupar todas as moradas disponíveis na casa do Pai: 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois eu vou preparar-vos um lugar. 3 Quando tiver ido e tiver preparado um lugar para vós, voltarei novamente e vos levarei comigo para que, onde eu estiver, estejais também vós (Jo.14,2). Quando tiver nascido um número de pessoas suficientes para lotar o céu virá o fim do mundo e Deus destruirá, através do fogo, a vida vegetal e animal, pois não serão mais necessárias. No último dia, quando Deus exterminar a vida vegetal e animal, não haverá nenhuma tribulação, pois então não haverá mais sofrimento e morte. Os fenômenos do último dia ligados ao fim do mundo são os seguintes.

1. Volta gloriosa de Jesus: 26 Então verão o Filho do homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória (Mc.13,26); 16 Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu…(1Ts.4,16).

2. A ressurreição dos mortos salvos: ….e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts.4,16).

3. A ressurreição dos vivos sem passar pela morte física: 51 Eis que vou declarar-vos um mistério: nem todos morreremos, porém todos seremos transformados. 52 Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao último toque da trombeta – pois a trombeta tocará – os mortos ressuscitarão incorruptos, e nós seremos transformados (1Cor.15,51-52).

4. O arrebatamento. Por alguns instantes os ressuscitados salvos serão elevados no ar enquanto Deus, através do fogo, exterminará a vida vegetal e animal na terra: 17 Depois nós, os vivos, que estamos ainda na terra, seremos ARREBATADOS juntamente com eles (os mortos ressuscitados) para as nuvens, ao encontro do Senhor nos ares. Assim estaremos sempre com o Senhor (1Ts.4,17).

5. O extermínio da vida vegetal e animal sobre a terra pelo fogo: 10 Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão, e nele passarão com estrépito os céus, e os elementos abrasados se dissolverão e a terra será consumida com suas obras. 11 Pois, se deste modo tudo vai desagregar-se, como não deveis perseverar em vossa santa conduta e em vossa piedade, 12 aguardando e acelerando a chegada do dia de Deus, quando os céus em fogo se dissolverem e os elementos abrasados se derreterem? (2Pr.3,10-12).

6. A ressurreição dos condenados: 28 Não vos admireis, porque vem a hora em que todos os que estão mortos ouvirão sua voz. 29 Os que praticaram o bem sairão dos túmulos para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados (Jo.5,28-29).

7. Juízo final: Jesus colocará a humanidade em ordem para entregar o reino para o Pai, separando as pessoas em três grupos: irmãos pequeninos, isto é todas as pessoas que consagraram a vida ao serviço do evangelho, em volta de si, as ovelhas à direita e os cabritos à esquerda: 27 Então, Pedro tomou a palavra e disse: “E nós, que deixamos tudo e te seguimos, o que teremos?”28 Jesus respondeu: “Eu vos asseguro: Quando todas as coisas forem renovadas e o Filho do homem se assentar no trono de sua glória, vós que me seguistes também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel (Mt.19,27-28). 32 Em sua presença, todas as nações se reunirão e ele vai separar uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à esquerda (Mt.25,32-32).

8. Entrega do reino para o Pai: 24 Depois será o fim, quando entregar o reino a Deus Pai, após haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação. 25 Porque é necessário que ele reine até pôr todos os inimigos debaixo de seus pés. 26 O último inimigo reduzido a nada será a morte, 27 pois ele pôs todas as coisas debaixo dos pés (1Cor.15,24-26).

Pe. Angelo Busnardo

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