E, por fim, meu Imaculado Coração triunfará!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

OS MEIOS DE SALVAÇÃO PESSOAL - (1ª parte)

I. Oração

A Necessidade da Oração

Os textos a seguir foram extraídos do tratado Os Grandes Meios de Salvação e Perfeição de Sto. Afonso de Liguorio. O texto original está disponível através de Our Blessed Lady of Victory Mission, Inc., R. R. #2, Box 25, Brookings, SD 57006-9307, USA, 605-693-3983. 
 
1. As Escrituras são suficientemente claras ao indicar quão necessária é a oração para sermos salvos. “...é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo .” (Lucas 18:1). “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mateus 26:41). “Pedi e se vos dará.” (Mateus 7:7). As palavras “é necessário”, “orai” e “pedi”, de acordo com consenso geral dos teólogos, impõem o preceito, e denotam a necessidade de orar. A oração é o meio sem o qual não podemos obter o auxílio necessário para a salvação.
 
2. A razão disto é evidente. Sem a assistência da graça de Deus, não podemos fazer nada de bom: “...porque sem mim nada podeis fazer.” (João 15:5). Sto. Agostinho acentua nesta passagem, que o Nosso Senhor não disse: “Sem mim vós não podeis completar nada”, porém, “Sem mim não podeis fazer nada”, dando-nos a entender que, sem a graça, não podemos nem começar a fazer nada de bom. Mais ainda, S. Paulo escreve que, por nós mesmos, não podemos nem ter o desejo de fazer o bem. “Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus.” (2 Cor. 3:5). Se nós não podemos nem pensar em uma coisa boa, podemos muito menos desejá-la. A mesma coisa é ensinada em outras passagens da escritura: “Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos.” (Ez. 36:27). De tal maneira que S. Leão I diz: “O homem não faz boas obras, exceto aquele que Deus, pela sua graça, permite-o a fazer” e, portanto, o Concílio de Trento declara: “Se alguém afirmar que sem a inspiração prévia do Espírito Santo, e a sua assistência, o homem pode crer na esperança, amor, ou arrepender-se, como deve, a fim de obter a graça da justificação, que seja ele anátema.”(Sessão 6, cânone 3). 
 
3. Cremos que ninguém pode se aproximar da salvação, exceto pelo auxílio de Deus; que ninguém merece seu auxílio, a menos que reze. 
 
4. Destas duas premissas, por outro lado, de que não podemos fazer nada sem assistência da graça; e, que esta assistência é apenas concedida ordinariamente por Deus ao homem que reza, quem não percebe a conseqüência disso, isto é, de que a oração é absolutamente necessária a nós para a salvação?
 
5. Deus nos concede algumas coisas, no começo da fé, mesmo quando nós não oramos. Outras coisas como a perseverança, Ele só concede a quem ora.
 
6. Conseqüentemente, a maioria dos teólogos, seguindo S. Basílio, S. Crisóstomo, Clemente da Alexandria, Sto. Agostinho, e outros Padres, ensinam que a oração é necessária para adultos, não apenas por ser a obrigação de preceito, mas porque é necessária como meio de salvação. Isto quer dizer, no curso ordinário da Providência, é impossível a um Cristão ser salvo sem se recomendar a Deus, e pedir pela graça necessária para a salvação. S. Tomás ensina a mesma coisa: “Após o batismo, a oração contínua é necessária ao homem, a fim de que possa entrar no céu, pois embora pelo Batismo nossos pecados são remidos, permanece ainda a concupiscência a nos assaltar do interior, e o mundo e o mal a assaltar-nos do exterior.” A razão então que nos dá a certeza da necessidade da oração é, portanto, o que nós devemos buscar e conquistar a fim de sermos salvos. “Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras.”(2 Tim. 2:5). Porém, sem a divina assistência, não podemos resistir à força de tantos e tão poderosos inimigos: agora esta assistência só é concedida através da oração; portanto, sem a oração, não há salvação.
 
7. Somos, em uma palavra, pedintes, que não possuem nada além do que Deus nos concede como almas: “Quanto a mim, sou pobre e desvalido.”(Salmo 39:18). O Senhor, diz Sto. Agostinho, deseja e quer fazer cair sobre nós as suas graças, porém não as concederá exceto àqueles que oram; “Deus deseja conceder, porém concederá apenas a quem pede.” Isto é declarado nas palavras, “Buscai e vos será dado.”
 
8. Portanto, diz Sta. Teresa, que aquele que não busca, não recebe. Como a umidade é necessária à vida das plantas, para preveni-las de morrerem secas, assim, diz S. Crisóstomo, a oração é necessária para a nossa salvação. Ou como ele diz em outra passagem, a oração vivifica a alma, como a alma vivifica o corpo: “Como o corpo sem a alma não pode viver, assim a alma sem oração está morta e emite um odor ofensivo.” Ele usa estas palavras, porque o homem que se omite de recomendar-se a Deus, de imediato começa a ser corrompido com os pecados. A oração é também chamada alimento da alma, porque o corpo não pode ser suportado sem o alimento; nem pode a alma, diz Sto. Agostinho, se manter viva sem oração: “Como a carne é alimentada pela comida, assim o homem é suportado pelas orações,” Todas estas comparações usadas pelos santos Padres são por eles utilizadas para ensinar a absoluta necessidade da oração para a salvação de todos.

O QUE É ORAÇÃO?

· O Apóstolo escreve a Timóteo: “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens.”(1 Tim. 2:1). S. Tomás explica, que a oração é propriamente a elevação de alma a Deus. A súplica é aquela espécie de oração que rogamos por um determinado objetivo; quando a coisa procurada é indeterminada, como quando nós dizemos, “Vinde em meu auxílio, Ó Deus!” é chamada súplica. Obsecração (prece fervorosa e humilde) é uma solene adjuração, ou representação dos campos sobre os quais nós ousamos pedir um favor; como quando dizemos: “Pela Vossa Cruz e Paixão, Ó Senhor, livrai-nos!” Finalmente, a ação de graças é a retribuição pelos benefícios recebidos, onde, diz S. Tomás, nós merecemos receber favores maiores. A oração, no sentido restrito, diz o santo Doutor, significa recorrer a Deus; porém no seu significado geral, inclui todas as espécies acima enumeradas.

Condições para obter infalivelmente aquilo que se pede.
 
Listamos três condições: 
 
1.O homem deve orar para o que é necessário para a sua salvação, orar devotamente, e orar com perseverança.
 
2. Deus “deseja que todos os homens sejam salvos”(1 Tim. 2:4). É agradável a Ele quando alguém ora por aquilo que é necessário para a sua salvação ou para a salvação do próximo. Por exemplo, ele pode suplicar a Deus: “concede-me o pão que me é necessário” (Prov. 30:8), para se salvar, para se prevenir de cometer o pecado mortal, para desempenhar alguma ação salutar, ou mesmo o dom da perseverança final.
 
3. Orar devotamente significa: com humildade, confiança, atenção, e súplica em nome de Cristo.
 
I. HUMILDADE - O Senhor, de fato, não considera as orações de Seus servos, a não ser dos que são humildes. “Quando ele aceitar a oração dos desvalidos e não mais rejeitar as suas súplicas.”(Salmo 101:18). “O Senhor está perto dos contritos de coração, e salva os que têm o espírito abatido.”(Salmo 33:19). Outras Ele não considera, mas os rejeita: “...Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes.”(Tiago 4:6). Deus não ouve a oração dos orgulhosos que crêem na sua própria força; mas por esta razão, deixa-os na sua própria fraqueza; e, se continuarem neste estado desprovido do auxílio de Deus, eles certamente perecerão. É da propriedade da fé, que sem o auxílio da graça, não podemos realizar qualquer boa obra, nem mesmo ter bons pensamentos. “Sem a graça os homens não faz o bem nem no pensamento e nem nas obras” diz Sto. Agostinho. Podemos concluir com Sto. Agostinho, a grande ciência do Cristão - SABER QUE O HOMEM É NADA, E NÃO PODE FAZER NADA. Isto é a íntegra da Grande Ciência, saber que o homem é nada. Pois assim ele nunca negligenciará de se abastecer, pela oração a Deus, que com aquela força, que ele não possui em si, e que ele necessita a fim de resistir à tentação, e de fazer o bem; e assim, com a ajuda de Deus, que nunca recusa nada para o homem que ora a Ele na humildade, será capaz de fazer tudo: “A oração do humilde penetra as nuvens; ele não se consolará enquanto ela não chegar (a Deus) e não se afastará, enquanto o Altíssimo não puser nele os olhos.” (Eclesiástico 35:21).
 
II. CONFIANÇA - A instrução principal que S. Tiago nos dá, se pela oração nós queremos obter graça de Deus, é que nós oremos com confiança de estarmos sendo ouvidos, e sem hesitação: “Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação...” (Tiago 1:6). Deus se satisfaz mais com a nossa confiança na Sua misericórdia, pois então nós honramos e exaltamos aquela bondade infinita que era o Seu objetivo em nos criar para manifestá-lo ao mundo. Deus protege e salva todos aqueles que confiam Nele: “...Ele é o escudo de todos os que Nele se refugiam.”(Salmo 17:31), “...Vós que salvais dos adversários os que se acolhem à vossa direita.”(Salmo 16:7). Isaías fala daqueles que depositam a sua esperança em Deus: “mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para frente sem se fatigar.”(Is. 40:31). E quando aconteceu que tendo o homem confiado em Deus, se perdeu? “... sabei que nenhum daqueles que confiavam no Senhor foi confundido.” (Eclesiástico 2:11). Davi chama de feliz aquele que confia em Deus: “... feliz o homem que em vós confia.”(Salmo 83:13). E por quê? Porque, diz ele, aquele que confia em Deus se encontra sempre rodeado de misericórdia de Deus. “...Mas quem espera no Senhor, sua misericórdia o envolve.”(Salmo 31:10). De tal forma que ele é envolvido e guardado por Deus em todos os lados que ele será protegido de perder a sua alma.
 
III. ATENÇÃO - Nós devemos orar com atenção, i. e., com concentração e foco de toda a nossa energia psicológica na oração, no significado da oração ou no próprio Deus.
 
IV. ORE EM NOME DE CRISTO - Nosso Salvador promete-nos: “Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará.” (João 16:23) (“Em verdade, em verdade vos digo”, que segundo Sto. Agostinho, é uma espécie de juramento). O que Nosso Senhor diz corresponde a: Vão para Meu Pai em Meu Nome, através dos Meus méritos peçam o favor que vocês querem, e Eu digo a vocês que quaisquer que sejam seus desejos, Meu Pai os concederá. Ó Deus que grande consolo um pecador pode ter após a sua queda e saber com certeza que tudo que ele pede de Deus em nome de Jesus Cristo será dado a ele! Eu disse “tudo” porém eu devo ressaltar que são apenas as coisas que se referem à sua salvação eterna: pois com relação aos bens temporais, nós já mostramos que Deus, mesmo que receba o pedido, às vezes não o concede; pois Ele sabe que estes bens podem nos prejudicar a alma. Porém no que diz respeito aos bens espirituais, sua promessa de nos ouvir não é condicional, mas absoluta; e portanto Sto. Agostinho nos diz, que aquelas coisas que Deus promete de forma absoluta, nós devemos solicitar com a absoluta certeza de recebê-las: Aquelas coisas que Deus promete, procurem com certeza. E como, diz o Santo, pode Deus negar-nos sua graça do que nós para recebê-las! “Ele está mais disposto a ser munificente (generoso) de seus benefícios a vós do que vós sois desejosos de recebê-los.”
 
4. Cada um deve orar com perseverança. A graça da salvação não é uma graça simples, porém uma corrente de graças, todas pelo menos ligadas com a graça da perseverança final. Ora, para esta corrente de graças deve corresponder outra corrente de nossas orações se nós, omitindo-nos da oração, quebramos a corrente da oração, a corrente das graças se quebrará também; e como por este meio é que devemos obter a salvação, não seremos salvos. Fr. Suarez diz que qualquer um que ora para a perseverança final a obterá, infalivelmente. Porém, não é suficiente, diz S. Belarmino, pedir a graça da perseverança uma única vez, ou poucas vezes: nós devemos pedir sempre, todos os dias até a morte, se desejamos obtê-la: “Ela deve ser pedida dia a dia. Assim ela será obtida dia a dia". Aquele que pede-a um dia, obtém-na por aquele dia: porém se ele não a pede no dia seguinte, no dia seguinte ele tropeçará. O Senhor repetiu de tempos em tempos a necessidade da perseverança na oração até nós conseguirmos o que pedimos. Lembre da parábola do amigo que veio pedir pelo pão (Lucas 11:5-13), do mal juiz e da viúva importuna (Lucas 18:1-5), o episódio comovente da mulher de Caná que insistiu apesar da aparente recusa (Mateus 15:21-28), e o exemplo sublime do próprio Cristo, que freqüentemente passava as noites em oração e em Getsêmani orou em grande angústia para o seu Pai celeste (Lucas 6:12; 22:44). “Vigiai, pois, orando sem cessar, a fim de que vos torneis dignos de evitar todos estes males que devem suceder, e de aparecer com confiança diante do Filho do homem.” (Lucas 21:36). “Orai sem cessar.”(1 Tessalonicenses 5:17). Para obter perseverança nós devemos sempre recomendar-nos a Deus de manhã à noite, meditação, na Missa, na Santa Comunhão, e sempre; especialmente na hora da tentação, quando devemos continuar repetindo, “Senhor me ajudai; Senhor me assisti; mantende Vossa mão sobre mim; não me deixeis; tende piedade de mim!” Há algo mais fácil de dizer que Senhor ajudai-me, assisti-me! No Evangelho Jesus declara, “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.”(Lucas 11:9).

Continua...

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